Em função do atraso nas obras de duplicação do trecho Sul da BR-101, deixaram de ser geradas até dezembro de 2012 na região riquezas equivalentes a R$ 32,7 bilhões, mostra estudo contratado pela Federação das Indústrias (Fiesc) e realizado pela Unisul.
Isso significa que os três anos de atraso nas obras provocaram uma perda financeira equivalente a 4,6 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) médio registrado de 2005 a 2009 no Sul, considerando os 44 municípios das associações de municípios Amurel, Amrec e Amesc. Os autores do trabalho foram os professores Valter Alves Schmitz Neto, Jailson Coelho e Gean Carlos Fermino.
Os R$ 32,7 bilhões de perdas consideram apenas a variação do PIB em relação aos investimentos feitos em obras de duplicação. Neste cálculo não foram consideradas variáveis como o tempo do caminhão parado na estrada por causa da interrupção das pistas para a realização de obras, tempo em congestionamentos, cargas perdidas, preço do seguro, além das inúmeras mortes.
Para chegar aos R$ 32,7 bilhões foram realizadas análises para comparar os estágios de desenvolvimento entre a região Norte do Estado, que tem a rodovia duplicada, e o Sul, que tem uma série de obras críticas que leva para 2017 a previsão de conclusão total da obra, conforme outro estudo da Fiesc.
Foram avaliados quase 50 indicadores e constatou-se que o desenvolvimento do Norte é 31,6% superior ao do Sul. O documento confrontou índices como: taxa média de crescimento populacional, desenvolvimento humano, incidência de pobreza, taxa de natalidade e mortalidade, balança comercial, número de empresas, de pessoas por companhia e de empregos formais, taxa de criação de empresas e empregos e salários médios.
O estudo mostra que, em função dos efeitos multiplicadores dos investimentos em infraestrutura na economia, para cada ponto percentual a mais aplicado na área de transportes o Produto Interno Bruto da região cresce 0,52 ponto percentual.
Os impactos do investimento sobre a economia, mostra o trabalho, duram cinco anos a partir da data de sua realização. Segundo a Comissão Mista de Orçamento da União, até 3 de outubro de 2012 o valor previsto para a obra era de R$ 1,9 bilhão. Desse montante R$ 1,3 bilhão havia sido realizado.
Para o trabalho foram utilizadas duas metodologias: uma é baseada no Índice de Vantagem Competitiva, do renomado professor de Harvard, Michael Porter. A outra é um modelo matemático desenvolvido pelos autores do trabalho que levou em consideração a variação do PIB em relação aos investimentos nas obras de duplicação.
(DeOlhoNaIlha, 12/12/2012)
Duplicação da BR-101 faz a diferença entre regiões
Federação das Indústrias de SC aponta que sem a conclusão da rodovia, 44 municípios do Sul têm perdas de R$ 3,2 bilhões
Se progresso pudesse ser medido com asfalto, as respostas para o abismo econômico que se criou entre as regiões Norte e Sul de Santa Catarina estariam explicadas.
Com o estudo divulgado ontem com exclusividade pelo DC, que aponta perdas de R$ 32,7 bilhões a 44 municípios do Sul, em função do atraso nas obras de duplicação da BR-101, vem à tona o que já se sabia, mas ainda não havia sido colocado na ponta do lápis: a região Norte, que tem o acesso duplicado há 10 anos, é 31,6% mais desenvolvida.
As diferenças entre as duas regiões que têm como principal acesso a mesma rodovia foram usadas pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para evidenciar os problemas que se acumulam com o atraso da entrega das obras no Sul. Era para estar pronta há três anos, mas ainda pode se arrastar até 2017.
De acordo com o coordenador do estudo desenvolvido pela Unisul, Valter Schmitz Neto, o entrave da rodovia tem como consequências a perda de competitividade, que se reflete na geração de emprego.
– A cada dia que passa, uma empresa nega um pedido, porque não vai conseguir ultrapassar a barreira da BR-101 – diz o pesquisador, alertando que para chegar aos quase R$ 33 bilhões de perdas foram consideradas apenas a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em relação aos investimentos feitos em obras de duplicação, e que no cálculo dos prejuízos não está contabilizado o pior deles, as vidas perdidas em acidentes na rodovia.
Com os números em mãos, a Fiesc promete pressionar. De acordo com o presidente da entidade, Glauco José Côrte, os documentos que evidenciam as perdas serão encaminhadas aos governos federal e estadual. Ele vai cobrar medidas que compensem os prejuízos.
– Se deixou de criar volume de riquezas que dariam outro sentido à região Sul. Não podemos esperar de braços cruzados pelos prejuízos que ainda podem surgir até a obra ser concluída – observa Côrte.
(DC, 13/12/2012)
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