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Ciclofaixa da SC-401, no Norte da Ilha, é perigo para os ciclistas

A implantação de uma ciclofaixa no trecho final da duplicação da SC-401, no Norte da Ilha, concluído em dezembro, prometia trazer mais segurança aos ciclistas. Mas o projeto executado trouxe uma série de problemas. A rodovia ficou sem acostamento, obrigando os carros a pararem sobre a ciclofaixa. Em alguns locais, pontos de ônibus também interrompem a via.

A ciclofaixa começa em Canasvieiras e segue por pouco mais de 6 km até a Vargem Pequena. Ao longo do trecho, que deveria garantir uma pedalada segura, é comum encontrar carros parados em cima da ciclofaixa – os ciclistas precisam desviar para a pista principal. Isso ocorre porque a ciclofaixa suprimiu o acostamento para dar espaço a uma faixa para bicicletas e outra para pedestres (separados por uma linha de tachões, como orientam as placas).

Largura também complica

A placa que sinaliza a divisão da ciclofaixa provoca confusão, fazendo com que pedestres e ciclistas trafeguem juntos na faixa mais afastada da pista de carros. Essa situação, aliada ao fato de que muitos ciclistas pedalam também na contramão, aumenta as chances de acidentes, na opinião do o vice-presidente da Associação Ecochannel, Anselmo Döll, ciclista há quase 50 anos.

Anselmo afirma que não há espaço para que uma bicicleta – com guidom de, em média, 70 cm de comprimento – possa passar ao lado de pessoas e outros ciclistas com segurança.

Faixa “quebra” ao chegar no elevado

Anselmo Döll explica que muitas pessoas pedalam na contramão porque acreditam que é menos arriscado estar no sentido oposto aos dos carros – um erro grave, pois o impacto de um acidente é muito maior.

— Mas, no caso da SC-401, a maioria das pessoas anda na contramão porque os únicos retornos seguros ficam nos extremos da ciclofaixa — diz.

A alternativa arriscada é atravessar a rodovia entre os feixes na mureta que divide as pistas.

Para a tri-atleta Valeria Rosati, campeã em sua categoria no Ironman Brasil 2011, a ciclofaixa foi mal projetada.

— Qual o sentido de a faixa passar por cima do elevado da Vargem Pequena, e não por baixo, onde é muito mais seguro e a velocidade dos carros é menor? — questiona.

Tachões podem causar quedas

Segundo Valeria, pedalar pela ciclofaixa da SC-401 é um esporte radical.

— Mesmo esses tachões são um problema. É muito fácil cair — conta.

Manual na gaveta

Para Milton Carlos Della Giustina, coordenador da ViaCiclo, a ciclofaixa da SC-401 é ilegal frente as próprias normas do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), responsável pela obra, pois o correto seria separar fisicamente a via de bicicletas e de carros. Com acontece na Avenida Beira-Mar Norte.

Vera Lúcia Gonçalves da Silva, do Grupo Pró-Bici, avalia que o projeto tem problemas técnicos, como a falta de travessias para acesso aos bairros, além de dar mesmo tratamento aos ciclistas atletas e aos casuais.

Deinfra diz estar nas normas

O presidente do Deinfra, Paulo Meller, assegura que o projeto foi realizado em conformidade com as normas técnicas do órgão. Ele argumenta que a ciclofaixa serve para ciclistas, pedestres e também para carros, em situação de emergência.

Paulo reconhece que o projeto ideal incluiria uma faixa exclusiva para ciclistas, outra para pedestres e acostamento. Porém, o orçamento da obra seria triplicado, além de exigir muitas desapropriações.

— A ciclofaixa foi idealizada para as características da SC-401, que é uma rodovia urbanizada, com comércio e moradores. Nós fizemos audiências públicas com a população. Eles sabiam que ia ficar assim — afirma.

Os problemas

::: Não existe acostamento, o que faz com que carros parem em cima da ciclofaixa.

::: Os únicos retornos ficam nos extremos da ciclofaixa.

::: Por isso, ciclistas e pedestres trafegam na contramão.

::: A ciclofaixa passa por cima do Elevado da Vargem. Pequena, obrigando o ciclista a atravessarem a rodovia.

::: A sinalização que indica a separação da ciclofaixa para pedestres e ciclistas é confusa.

::: Em alguns trechos, pontos de ônibus interrompem a passagem.

::: Tachões que separam as faixas para ciclistas e pedestres são obstáculos para a roda das bicicletas.

(DC, 06/04/2012)

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