De acordo com o professor e pesquisador Carlos Brisola Marcondes, apenas 12% das 3.600 espécies de mosquitos do mundo tiveram seus ovos descritos. Para melhorar a identificação dos mosquitos, Carlos coordena equipe do Laboratório de Entomologia da UFSC que estuda ovos de mosquitos coletados em diferentes locais da Ilha de Santa Catarina.
Com suporte da microscopia eletrônica de varredura, tecnologia que permite a ampliação de amostras e a produção de imagens em alta resolução, a pesquisa passa por etapas de coleta de mosquitos, obtenção de ovos e estudos sobre a biologia dos ovos.
As análises dos ovos, que têm dimensões entre 500 a 700 micrômetros (um micrômetro ou mícron equivale à milésima parte do milímetro), são realizadas em microscópios do Laboratório Central de Microscopia Eletrônica da UFSC e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição parceira do projeto. A pesquisa tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Carlos tem 37 anos de trabalhos em entomologia médica e acredita que O estudo permitirá, quando se encontrar ovos de mosquitos numa coleção de água, identificá-los corretamente.
Com trabalhos realizados desde 2000, a equipe da UFSC já encontrou mais de 60 espécies só na Ilha de Santa Catarina, entre 460 documentadas no Brasil – e supõe haver ainda muitas outras a serem encontradas.
Neste novo projeto, a meta é obter e caracterizar por microscopia eletrônica pelo menos 10 a 15 espécies de mosquitos das tribos Aedini e Sabethini, obter dados sobre sua biologia e variações regionais. As tribos Aedini e Sabethini têm grande quantidade de espécies (respectivamente 1.255 e 423), várias com importância médica, pois são vetores de agentes causadores de doenças como dengue e febre amarela.
— O conhecimento sobre a morfologia externa de ovos de mosquitos é importante para a identificação de material de criadouros, para a compreensão de sua biologia e da sistemática do grupo, e poucas espécies, especialmente das tribos Sabethini e Aedini, tiveram seus ovos caracterizados — destaca o professor, autor do livro Entomologia Médica Veterinária, que reúne informações sobre insetos nocivos à saúde animal e humana.
Os mosquitos têm sido coletados na Unidade de Conservação Ambiental Desterro, na região próxima da Reserva Carijós e na praia de Jurerê.
Serão também obtidos ovos de mosquitos silvestres em outros estados, em regiões com vários graus de preservação.
Em saídas de campo recentes, o grupo esteve em numa área de Jurerê Internacional e observou centenas de mosquitos. Alguns foram capturados e estão sendo identificados como de espécies agressivas e potencialmente perigosas, como Psorophora ferox (causadora de “feridas feroz”). As capturas prosseguem em meio à vegetação, com um coletor de sucção adquirido recentemente pela UFSC.
(DC, 06/03/2012)
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