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Argentina faz planos para ampliar a presença em SC

Consulado do país está programando quatro ações inéditas para aumentar as relações comerciais

Mais do que invadir as praias catarinenses, os argentinos querem ocupar cada vez mais espaço nas prateleiras dos nossos supermercados. Desde que assumiu o consulado da Argentina, no final de agosto, Emilio Julio Neffa trabalha para aumentar as relações comerciais com SC.

O primeiro passo foi marcar reuniões com o governo do Estado, com a Associação Catarinense de Supermercados (Acats) e com alguns dos principais supermercadistas e importadores de SC. O segundo será a promoção, no dia 30 de novembro, de uma degustação de vinhos e alimentos gourmet em Florianópolis.

As reuniões e a degustação já foram promovidas em outros anos. A novidade do evento no próximo mês é uma aposta maior na promoção de produtos argentinos que estão chegando pouco ao mercado de SC.

– Voltaremos a apostar em mercados tradicionais, como o panetone argentino, especiarias e alguns produtos congelados, como empanadas e pães – adianta Neffa.

O cônsul está negociando também para agregar uma nova série de queijos e alguns artigos de bazar para competir com produtos chineses. Para o próximo ano, o consulado está programando pelo menos quatro ações inéditas com foco em ampliar as relações comerciais com SC.

Em junho, o país vai participar com um estande próprio na Exposuper, em Joinville. Durante o ano, o consulado quer promover, juntamente com empresas do país, semanas argentinas nas principais redes de supermercado do Estado. Também planeja seminários sobre investimentos e oportunidades de negócios na Argentina em Florianópolis, Joinville e Blumenau, e uma missão multissetorial com autoridades e empresários do país em SC no segundo semestre.

– Vamos fazer chegar à Acats ofertas pontuais de produtos da Argentina. No preço eu não entro. Mas procuro encontrar na Argentina um fornecedor que tenha produto e que seja confiável e, deste lado, um comprador para ele – explica o cônsul.

Outros países levam vantagem

A Acats não tem dados sobre a presença argentina nas prateleiras dos catarinenses, mas os dois maiores supermercados de SC, o Angeloni e o Giassi, afirmam que o país vizinho tem pouca representatividade entre os produtos importados.

O Angeloni compra azeitonas, vinhos, conservas, azeite de oliva, geleias e compotas diretamente da Argentina. O Giassi importa nove rótulos de vinho e um rótulo de azeite de oliva. Mas quer ampliar esta quantidade, a partir de 2012, ao fazer compras conjuntas com duas redes de supermercado do PR e de SP.

– Vamos trabalhar menos com importadores e comprar diretamente do Mercosul, especialmente da Argentina e do Chile. Agregaremos novos produtos ao nosso mix e ao das redes parceiras – adianta Noedir Benfato, gerente de compras do Giassi.

De acordo com o cônsul da Argentina, não é possível saber o volume de produtos do país que são vendidos em SC porque a maioria deles é importada por SP.

Dizendo estar vestindo “a camisa de SC”, Neffa diz que vai trabalhar para convencer empresários argentinos a investirem em centros de distribuição no Estado.

(Por Alessandra Ogeda, DC, 17/10/2011)

“Se não há comércio, não há problemas”

Focado em ampliar a presença dos produtos argentinos em SC, Emilio Neffa apresenta algumas das ações que serão tomadas:

Diário Catarinense – Que ações práticas o consulado prevê para ampliar as relações com SC?

Emilio Julio Neffa – Nesta primeira etapa, estamos trabalhando mais a parte dos alimentos, mas temos a ideia de ampliar os negócios com outros produtos, bens e serviços. Há a possibilidade de fazermos uma missão de informática aqui, este ano ou no início do ano que vem. No dia 30 de novembro, faremos uma degustação de vinhos e alimentos gourmet no (hotel) Majestic. Diferentemente de outros anos, vamos colocar mais ênfase em outros alimentos que não sejam apenas os vinhos.

DC – Quantos produtos argentinos são comercializados atuamente nos supermercados de SC?

Neffa – Não temos ideia. Porque grande parte da mercadoria que se vende por aqui vem de São Paulo. Então o que pretendemos? Levando em conta que o Brasil é um continente dentro de um continente, e que cada Estado é um país diferente, eu acredito que buscar um distribuidor em SP para todo o Brasil é um erro. SC tem condições, pelo que representa, de estar sozinha, de não depender de SP em importações.

DC – Este ano aumentaram os conflitos comerciais entre a Argentina e o Brasil. Como resolvê-los?

Neffa – Isso vai haver sempre. Quando não há comércio (entre os países), não há problema. Mas, quando os volumes começam a aumentar, sempre vai haver algum problema. Sempre algum interesse vai ser afetado. Isso é normal. Tomara que cresça mais (o comércio) e que tenhamos mais dificuldades. Aí entra a inteligência das cabeças políticas para tratar de resolver esses problemas.

(DC, 17/10/2011)

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