Toda vez que vamos ao supermercado, à livraria, à padaria, e pegamos uma sacola plástica, contribuímos para o aumento do lixo e da poluição. Além de demorarem para se decompor no meio, as embalagens são feitas a partir do petróleo. Mensalmente, os supermercados do país distribuem um bilhão de unidades. Cada uma delas leva mais de 200 anos para se degradar. No Brasil são produzidas 210 bilhões de toneladas de plástico filme por mês – a matéria-prima das sacolas.
Para combater o problema da degradação do meio, uma das opções é o uso de plástico oxibiodegradável (OBD), que se degrada em até 18 meses. A alternativa, no entanto, tem gerado polêmica quanto à segurança ambiental. Apesar disso, no último mês de outubro, o estado do Paraná tornou obrigatório o uso de sacolas plásticas OBDs em estabelecimentos comerciais. Em Florianópolis, há dois projetos de lei, ambos de 2007, que prevêem a obrigatoriedade deste tipo de sacola. Na contramão dos dois estados, a Prefeitura de São Paulo vetou um projeto para a adoção do mesmo tipo de material, não causando menos discussão.
O polímero oxibiodegradável é um tipo de plástico que se degrada em um curto espaço de tempo devido a um aditivo colocado na sua fórmula. Em uma página da internet de uma empresa fabricante, é garantida, evidentemente, a total segurança do aditivo, mas não há informação sobre o que constitui o mesmo, ou se sua fabricação é poluente. No mesmo site consta que a degradação do plástico oxibiodegradável resulta, entre outras substâncias, em CO2 (dióxido de carbono) – um dos agentes do aquecimento global – “em quantidades desprezíveis”.
A falta de informação permeia toda a discussão em torno desse material. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não aprova o uso do polímero, mas não especifica o porquê. Entre os que adotam ou não o OBD, sobra desinformação e a saída apontada é reduzir o uso de qualquer tipo de plástico.
O que fazer, afinal?
Pensando nessa redução, uma das soluções poderiam ser as bolsas retornáveis. Feitas de tecido ou fibras naturais – como o bambu, entre outros – elas podem ser utilizadas inúmeras vezes. Nesse sentido, a prefeitura de São Paulo lançou recentemente a campanha “Eu não sou de plástico”, para incentivar o uso das bolsas retornáveis. Sua utilização representa o retorno a um passado, quando eram usados carrinhos de feira.
O plástico começou a ser produzido em grande escala na década de 1930. Vinte anos mais tarde, na década de 1950, as sacolas ocuparam o lugar dos carrinhos e tomaram conta dos supermercados, passando a ser símbolos da modernidade. Do início ao fim da linha de produção, a indústria do plástico é cercada de números astronômicos: fatura 50 bilhões de reais ao ano no Brasil, segundo o Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas (Sinresp) e emprega 310,5 mil pessoas. O tímido desprezo pelas sacolas comuns despertou o interesse em buscar novas tecnologias, como os aditivos para a degradação mais rápida. Enquanto nada é bem esclarecido quanto à segurança ambiental dessas novidades, o mais seguro talvez seja voltar ao velho carrinho ou à bolsa de feira.
Na Capital
Em Florianópolis, enquanto nenhuma lei obriga a utilização do plástico OBD, alguns estabelecimentos já o empregam. Um deles é um supermercado, localizado em uma área nobre da capital. Márcia Benett, assessora de marketing, informa que resolveram adotá-lo há dois meses. Segundo ela, a resposta do público tem sido positiva. Apesar de custar mais caro para o supermercado, ela acredita que dentro de pouco tempo, quem não tiver optado por ele vai ficar para trás. Questionada sobre a escolha, Benett respondeu que oxibiodegradável e biodegradável (flash) são “a mesma coisa”. O supermercado também oferece sacolas retornáveis ao preço de RS 6, 50.
Na Prefeitura de São Paulo
O município decidiu não usar o plástico oxibiodegradável e apresentou um laudo. No documento, aponta que “materiais plásticos degradáveis não constituem solução para o problema do resíduo sólido urbano, pois mesmo degradáveis (bio ou não) requerem coleta e continuam a ocupar lugar em aterros, uma vez que a taxa de biodegradação não é tão rápida nesses ambientes. Além disso, se ocorrer a biodegradação em aterros há a produção de gases do efeito estufa”. Guilherme Queiroz – doutor em planejamento de sistemas energéticos – é quem assina o laudo, juntamente com a gerente do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Eloísa Elena Garcia. O Secretário paulistano do Meio Ambiente, Xico Graziano, publicou em agosto um artigo no jornal Folha de S. Paulo argumentando: “a degradação do plástico oxibiodegradável se baseia em aditivos químicos que contaminam o solo e as águas. Quer dizer, ele injeta no meio ambiente, com rapidez, as partículas tóxicas associadas aos derivados do petróleo.”
(Larissa Linder e Eduardo Wolff, Cotidiano UFSC, 22/11/2007)
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3 Comentários
Minas Gerais também já lançou uma campanha pela redução do uso das sacolas plásticas, substituindo-as, sempre qyue possível pelas sacolas de algodao ECOBOLSABRASIL. As sacolas ECOBOLSABRASIL sao produzidas por cooperativas de costureiras e dentr de uma filosofia de fair trade, valorizando e capacitando mao de obra para produção das sacolas e gerando renda às comunidades de bairro.
Acho que não deveriam proibir o uso das sacolas,mas sim concientizar as pessoas a reciclar pois o reciclamento é fonte de renda de varias pessoas.Alem disso de todo os filmes plásticos produzido no Brasil somente 5% são sacolas e dai vão pribir também as outras embalagens como as que embalam arroz,açucar etc…
Sobre o comentário do nosso amigo Evaldo.
Todos países desenvolvidos já proibiram o uso das sacolas, que levam mais de 100 anos para se decomporem. A reciclagem como forma de renda para a população carente não reolve um problema social, pois estaríamos comparando os seres humanos a animais que garimpam os restos de outros (sendo que a fonte de renda maior dos recicladores cooperados é com alumínio e papel). Ainda assim, em países como a Alemanha, maior produtora de plásticos do mundo, nem mesmo o PET é utilizado. As empresas são obrigadas a colocar nas embalagens o valor da mesma e devolver este valor quando a pessoa entrega nas lojas as embalagens (refrigerante, iogurte, cerveja, etc…) Não compramos embalagens e sim produtos. Todas as grandes empresas já não vendem mais as latas e os vidros para os consumidores nestes países. Somente nós, os brasileiros que pagamos embalagens de bebidas e alimentos para as multinacionais que depois compram das cooperativas de reciclagem o que nos venderam por um preço bem mais alto do que valem… Então… até quando vamos pagar por embalagens de plástico? até quando vamos usar sacolas não biodegradáveis e continuar aumentando o lixo urbano??? Apenas uma reflexão…