Após o recuo do mar, pescadores contabilizam, agora, os danos causados a barcos, ranchos, casas e criações de mariscos
Praias do litoral catarinense amanheceram, ontem, sob os olhares desorientados e tristes de pescadores e maricultores após o recuo da maré. Depois da forte ressaca na madrugada de domingo, a segunda-feira foi dia de arrumar os barcos danificados, reparar as redes e avaliar os estragos na plantações de marisco e ostra. O pior já passou, mas o alerta de mar revolto ainda continua.
Em Palhoça, na Grande Florianópolis, o recuo da maré revelou, à beira-mar, muita sujeira, barcos encalhados em dunas, emaranhados de rede de pesca, centenas de lanternas de ostras (os criadouros colocados no mar) e entulho de imóveis danificados. Sem interromper o trabalho de reparo do barco arrastado e danificado pelas ondas, Ivan Taffarel, criador de ostras, lamentou o prejuízo:
– Além da criação normal, eu tinha um laboratório de ostras de reprodução. Algumas sementes estavam sendo cultivadas há aproximadamente seis anos. Ao todo, eram 500 exemplares. Até agora, só encontrei 25 deles. É um prejuízo incalculável. Nem quero pensar nisso ainda. Primeiro vou arrumar o barco para tentar reparar pelo menos parte da produção.
Ivan tem pressa porque abastece cerca de 80 restaurantes da Grande Florianópolis. O pescador e produtor de marisco Manoel do Nascimento calcula em 16 toneladas a quantidade do moluscos perdidos por causa da ressaca no Litoral do Estado.
Na Praia da Pinheira, também em Palhoça, os pescadores terminaram os reparos nos ranchos danificados. Para Manoel, agora, a pesca da tainha só depende da calmaria do mar.
– Acreditamos que a ressaca não afetará a produção da cidade, já que a única região de marisco atingida foi a Ponta do Papagaio – disse Flávio Martins, diretor de Pesca de Palhoça.
Estudo avaliará redução na faixa de areia
Sobre a possível diminuição da faixa de areia do balneário, Flávio acrescentou que um estudo avaliará se houve a redução. Segundo a Defesa Civil Estadual, registraram a forte ressaca as cidades de Penha, Barra do Sul, Florianópolis, Palhoça e Barra Velha. As ondas foram provocadas pelos ventos de um ciclone extratropical que se formou no oceano e chegaram a quase cinco metros de altura em alto-mar.
Segundo a Epagri/Ciram, órgão estadual que monitora as condições climáticas no Estado, o ciclone já se afastou da costa catarinense e as grandes ondulações devem diminuir gradativamente ao longo dos próximos dias. No entanto, continua sendo desaconselhável a navegação enquanto o fenômeno estiver atuando em Santa Catarina.
(Por Pedro Rockenbach, DC, 31/05/2011)
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