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Estado ainda aguarda estudo sobre o transporte marítimo

Uma linha entre Florianópolis e Biguaçu e outra dentro da Capital, ligando o bairro Coqueiros (no Continente) ao Centro da Ilha, podem dar novo rumo ao transporte marítimo de passageiros na região. O governo do Estado deve receber nesta semana um projeto elaborado por empresa de São Paulo apresentando as recomendações para os investimentos no transporte intermunicipal. A Prefeitura de Florianópolis planeja ampliar o setor nos próximos meses.

O secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter Gallina, é o mais otimista com o andamento do processo para as linhas intermunicipais. Ele diz que com a conclusão do estudo realizado pela empresa paulista, que teve como base um trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o governo começa a elaborar o processo de licitação.

“Vamos avaliar a melhor maneira de licitar, verificar se o ideal é licitar tudo ou apenas o serviço e o governo adquirir as embarcações”, explica. O secretário diz que a meta é fazer a licitação este ano para que os primeiros serviços possam ser oferecidos no próximo verão. “Está na hora de pararmos de ficar de costas para o mar”, diz.

Mas a direção do Departamento de Transportes e Terminais (Deter), que assumiria a coordenação das linhas marítimas, acredita que o processo é mais lento. A idéia é que a Palhoça, São José e Biguaçu participem do sistema, como ocorre no transporte coletivo por ônibus. E a linha entre a Ilha e Biguaçu seria apenas o primeiro investimento, em caráter experimental.

O presidente do Deter, Luiz Carlos Tamanini, diz que apenas com o estudo em mãos é que o Estado saberá quanto será necessário investir nas embarcações e nas estruturas de embarque e desembarque, de acordo com os modelos apresentados. “A vontade política é muito importante, mas não é só isso que conta. Gostaríamos que o transporte começasse ontem, mas é preciso respeitar os trâmites técnicos”, destaca. Ele lembra por exemplo que uma embarcação estruturada para o transporte de passageiros demora entre 120 e 180 dias para ser construída.

Tráfego pelas baías é alternativa para principais percursos

Além da ligação com as cidades vizinhas, a Capital deve receber investimentos em linhas marítimas dentro da cidade. Hoje, existe transporte marítimo entre a Costa da Lagoa e a Lagoa da Conceição, no Leste da Ilha. A meta agora é ligar o bairro Coqueiros, no Continente, com o Centro da cidade.

O secretário de Transportes e Terminais de Florianópolis, Norberto Stroisch Filho, diz que a Prefeitura está negociando com empreendedores interessados em investir no setor e acredita numa resposta nos próximos meses. Ele explica que não existe rio navegável dentro da cidade e, portando, as linhas devem ser trabalhadas pelas duas baías, com trajetos no sentido Norte-Centro, Sul-Centro, além do Continente-Centro. A meta é criar uma estrutura que funcione o ano inteiro. “Não podem ser embarcações que operem apenas com o tempo bom, temos que organizar uma estrutura capaz de enfrentar o vento sul e o inverno”, avalia.

As empresas de ônibus não temem a concorrência. “O transporte marítimo só vem a somar. Dentro da cidade o barco não chega, o passageiro vai continuar dependendo do ônibus para fazer o transbordo”, defende o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis (Setuf), Valdir Gomes da Silva. Ele acredita que a mudança ainda será um processo gradativo. “Não temos a tradição do transporte marítimo, essa questão cultural tem que ser mudada aos poucos”, defende.

(Alexandre Lenzi, A Notícia, 30/09/2007)

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