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Desafios e incertezas

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 11/03/2011)

A diretoria da Casan Companhia Catarinense de Águas e Saneamento está examinando documento entregue pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Saneamento e Meio Ambiente (Sintaema) para submeter proposta ao governador sobre sua nova estrutura. Avalia, também, a delicada situação do saneamento da Ilha de Santa Catarina. A Vigilância Sanitária da prefeitura aplicou multas de R$ 12 milhões à companhia por provocar poluição ambiental de várias praias da Capital. Tem, além disso, outro dilema a enfrentar: entre os principais municípios de Santa Catarina, o sistema de água pela Casan está mantido apenas em Florianópolis, São José, Chapecó e Criciúma. Em todos eles há queixas sobre a distribuição da água e, especialmente, em relação ao sistema de esgoto sanitário. Na Capital, o prefeito Dário Berger tem sido instado por lideranças políticas e comunitárias a jogar duro com a Casan, exigindo o cumprimento do contrato de concessão, recentemente renovado. Na cidade de Criciúma, os números sobre investimentos são contestados. E, em Chapecó, a Casan só mantém os serviços por força de decisão judicial. Se perder algumas destas cidades, a Casan pode se inviabilizar.

Os sindicalistas consideram “absurdo” o fato da Casan manter 11 diretorias no comando, além de duas diretorias adjuntas e quatro superintendências regionais, herança recebida da gestão Walmor de Luca. O governador Raimundo Colombo preencheu oito diretorias, deixando três vagas. O presidente Dalírio Beber informou que se os estudos recomendarem a eliminação de diretorias e se tiver o aval do governador, executará o corte. O Sintaema aponta deficiências de empregados na área operacional. E garante que cada diretoria extinta permitiria a admissão de cem funcionários para atuar na operação. A Casan vem distribuindo lucros e dividendos a seus diretores desde a administração do presidente Walmor de Luca.

POLUIÇÃO

Além das deficiências do sistema d’água durante a temporada em Florianópolis e outros balneários do Litoral Catarinense, a Casan está sendo responsabilizada pela poluição das mais belas praias da Ilha de SC. Motivo: tem quatro estações de tratamento que funcionam precariamente. Com frequência, durante o verão, estas estações lançaram águas com a cor do petróleo, poluídas a olho nu, no Rio do Brás (estação de Canasvieiras), no Rio Capivari (estação dos Ingleses), no Rio Tavares (estação do Campeche) e na Baía Sul (estação do Aterro). Solução a curto prazo para este grave problema não há. O Instituto Chico Mendes proibiu a Casan de lançar efluentes no Rio Tavares, alegando que eles liquidam com as riquezas do manguezal. As praias do Norte da Ilha foram declaradas “impróprias para banho” , justamente pelos índices de poluição.

A Casan é uma estatal com 2,1 mil empregados. Faturou R$ 40 milhões em 2010. Atende 198 dos 293 municípios catarinenses, o que representa 98% da população urbana, segundo Dalírio Beber. Com esgoto, o atendimento é de apenas 13%, com perspectiva de passar para 45% com as obras financiadas e em execução. Florianópolis deve ampliar a abrangência de 55% para 75%. Pode viver nova fase com empréstimos milionários. Mas, também, se inviabilizar.

A Sanepar –Companhia de Saneamento do Paraná – cobre 100% da população urbana dos 345 municípios assistidos, entre os 379 do Paraná. Teve lucro de R$ 127 milhões e conta com nove diretores. O sistema de esgoto abrange 62% da população.

Tem tarifa social para famílias pobres e para microempresários. Executa um sistema de controle de perdas de água que é o melhor do país. Em todos os comparativos de gestão, a Casan perde feio para a Sanepar e para a Corsan (RS).

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