A previsão é de que um dos principais cartões postais do Brasil, a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, seja liberada para o tráfego somente em 2010. As obras de recuperação foram divididas em duas fases e o custo estimado é de R$ 110 milhões. Das etapas do projeto de restauração, segundo o diretor do Departamento Estadual de Infra-estrutura (Deinfra), Romualdo França, a troca do sistema cortante (cabos de sustentação) e o reforço das fundações são as mais problemáticas e ainda dependem de licitação.
Da primeira fase planejada, o acesso pela cabeceira insular está totalmente pronto, enquanto o lado do Continente está com mais da metade das obras executadas. “Estamos nos preparando para entrar agora no vão central da ponte”, acrescenta França.
A reutilização da ponte, no entanto, dependerá do novo Plano Diretor. Um dos projetos em estudo é o da implantação de um sistema de metrô de superfície, com trens fazendo a ligação entre a região central da Ilha e a cidade de Palhoça. Cerca de 90 pessoas trabalham hoje nas obras de restauração da Hercílio Luz.
O mecânico Ijário Oliveira da Silva e a pescadora Lúbia Lisboa, 24 anos, que moram nas proximidades, no Continente, estão resignados com os eventuais transtornos causados pela obra. Eles reconhecem que o trabalho é importante por se tratar de um patrimônio histórico e por trazer desenvolvimento para Florianópolis, acrescentando que não tem atrapalhado a rotina deles. “Estamos contentes com a reabertura da ponte”, disse Silva.
França ressaltou que é impossível trabalhar com uma obra de grande porte, como a da Hercílio Luz, sem provocar algum tipo de problema à população. “Apesar disso, todos os cuidados para manter a segurança dos moradores da região foram tomados”.
O primeiro fechamento da ponte foi em 22 de janeiro de 1982 por causa das precárias condições decorrentes da deterioração das barras de olhal. Com isso, o tráfego de veículos e pedestres foi interrompido. Em 15 de março de 1988, ela foi reaberta somente para pedestres, bicicletas, motocicletas e veículos de tração animal. Três anos depois, foi interditada novamente para qualquer tipo de tráfego.
Saiba mais
• Construção: 1922 a 1926, governo Antônio Bulcão Viana
• 8 de outubro de 1924: inauguração simbólica, atravessando uma passarela pênsil de 18 metros de comprimento construída em miniatura, com escala 50 vezes menor que a original, junto ao trapiche de Florianópolis.
• Inauguração: 13 de maio de 1926, governo Hercílio Luz
• Orçamento: U$ 5 milhões, financiados por bancos norte-americanos
• Motivo: a travessia era realizada por balsas e pequenas embarcações, o que dificultava o abastecimento da cidade e isolava a capital do resto da cidade. O projeto da ponte ficou a cargo de dois engenheiros norte-americanos que trouxeram o material dos Estados Unidos.
• Extensão: 821,055 metros
• Viadutos de acesso pelo Continente: 222,504 metros
• Viadutos de acesso pela Ilha: 259,080 metros,
• Vão central pênsil: extensão de 339,471 metros, composta por 28 vãos no total, com duas torres principais e 12 secundárias.
• Altura das torres principais: 74,210 metros.
• Altura do vão pênsil em relação ao nível de maré: média de 30,86 metros.
• Carga total nas cadeias de barras de olhal: 4.000 toneladas-força.
• Além de ser uma ponte em estrutura metálica pênsil, o modelo é raro no Brasil, tem como característica marcante a suspensão formada por correntes de barras de olhal, totalizando 3.500 metros cúbicos, na Ilha, e 5.000 metros cúbicos, no Continente.
(André Luís Cia, A Notícia, 20/08/2007)
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