Jardim botânico da Capital pode não sair do papel
O anúncio nesta terça-feira de que o Estaleiro OSX não será mais instalado em Biguaçu, na Grande Florianópolis, pode interferir em outros projetos do Grupo EBX que estão em em andamento na Capital.
Um deles é o jardim botânico de Florianópolis, previsto para ocupar três áreas na cidade. A primeira, de 25 hectares, seria no Itacorubi, outra de 20 hectares no Sapiens Parque, e a terceira, também de 20 hectares, na Cidade das Abelhas, na SC-401.
O secretário de Desenvolvimento Urbano de Florianópolis, José Carlos Ferreira Rauen, acredita que o Jardim Botânico era um presente para a cidade e que não deve mais sair, apesar de a empresa já ter investido R$ 650 mil em projetos.
— Quem vai presentear alguém que o rejeitou? — indaga ele.
O presidente em exercício da Fatma, Luiz Antônio Garcia Corrêa, garante que o projeto do Jardim Botânico da Capital é do governo e terá continuidade. Agora vai depender da disponibilidade de recursos estaduais ou de encontrar outra fonte disposta a investir.
O outro projeto é o Instituto Tecnológico Naval (ITN), primeiro do gênero no país, para oferecer ensino de nível superior em técnicas de construção naval avançada nos moldes do ITA. Seria instalado no Sapiens Parque, em Canasvieiras, Norte da Ilha, com investimento previsto em R$ 15 milhões.
O diretor executivo da Fundação Certi, José Eduardo Fiates, envolvido no projeto, acredita que todas as parcerias com a OSX ficam enfraquecidas com a desistência. Mas argumenta que o impacto não será tão devastador ao ITN.
— Os projetos de parceria tecnológicas serão mantidas. E não descartamos a possibilidade do ITN ficar em Santa Catarina porque ele vai operar num sistema em rede. O Estado tem capacidade de mão de obra e tecnologia. Em outros estados, a empresa vai ter que concorrer com outras do setor para brigar por recursos humanos e tecnologia. Já temos parceria de cooperação entre OSX, Fundação Certi e UFSC para desenvolver uma solda a laser. Mesmo distante do estaleiro, Santa Catarina tem condições de ser o polo de referência do grupo na área de tecnologia, já que a indústria naval é estratégica para o país.
Terreno em Biguaçu
O Grupo EBX anunciou que estuda outros empreendimentos para a propriedade em Biguaçu. O megaterreno já comprado poderá receber algum investimento do grupo.
Cronologia
Setembro de 2009
O bilionário Eike Batista apresenta o projeto de construção do estaleiro a empresários e políticos catarinenses em almoço na Fiesc
Dezembro de 2010
A consultoria Caruso Jr. conclui o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/Rima)
Março de 2010
A OSX promove uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bovespa
Abril
O ICMBio, órgão responsável pelas unidades de conservação federais, apresenta parecer contrário à instalação em Biguaçu. Devido ao IPO, a OSX respeita um período de silêncio e não se manifesta
Maio
A OSX protocola na Fatma um novo relatório, com alternativas para os problemas apontados
Junho
O ICMBio mantém o parecer contrário à construção em Biguaçu
Julho
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anuncia a criação de um grupo de trabalho para estudar os impactos do projeto e vai enviar ao Estado um grupo de técnicos do ICMBio nacional. Três audiências públicas são feitas. Dia 20 em Governador Celso Ramos. Dia 21 em Biguaçu e dia 22 na Capital
Setembro
ICMBio nacional assume o processo e grupo de trabalho tem prazo de 30 dias para entregar o parecer
Outubro
ICMBio nacional prorroga o prazo por mais 30 dias
Novembro
Data final para o grupo de trabalho entregar o parecer é fixada em 12 de novembro. O parecer é entregue no prazo ao presidente do ICMBio, Rômulo Mello
Terça-feira, 16
Mello diz que só vai divulgar a decisão dia 15 de dezembro. Eike Batista desiste do projeto em Santa Catarina
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