Prefeitura da Capital não pretende desapropriar os imóveis que restaram entre a SC-405, a AV. Diomício Freitas e o viaduto
A construção do elevado sobre o Trevo da Seta, entre os bairros Costeira e Rio Tavares, em Florianópolis, deve diminuir o congestionamento em direção ao Sul da Ilha de Santa Catarina, mas traz preocupações para as famílias vizinhas à obra. O problema é o excesso de barulho, rachaduras nas casas e desvalorização dos imóveis. A prefeitura não garante que vai desapropriar os terrenos.
Afuncionária pública Elizabeth Gonçalves Costa, 48 anos, vive ao lado de onde passará o elevado do Trevo da Seta. Segundo ela, a trepidação da obra do elevado fez as portas emperrarem e as paredes racharem na casa da mãe, Olentina de Souza Gonçalves, 83 anos.
– O elevado vai passar quase por cima de minha casa, mas não me fizeram proposta de desapropriação. Se tiver mais problemas, vou entrar com ação na Justiça – garante.
O medo também é em relação ao aumento de acidentes. Um veículo já se perdeu na pista que liga a Avenida Diomício Freitas, no Rio Tavares, à SC-405, e bateu na casa de Olentina. Além dos danos materiais, o barulho excessivo é outro incômodo. Mãe e filha reclamam de não conseguirem ouvir a televisão. Vender o terreno e se mudar não é mais tão fácil
– Quem vai comprar um imóvel ao lado de um viaduto? – diz Elizabeth.
A maioria dos moradores está preocupada com a situação, mas há os que já se acostumaram com os ruídos do trânsito e nem pensam em deixar seus lares. O casal Eluísio Costa, 75 anos, e Soleide Costa, 74 anos, mora de aluguel na primeira casa, próxima às demolidas, há 33 anos, e torce para que os donos não façam nenhum tipo de negociação com a prefeitura para desapropriar o local onde vivem.
– O engarrafamento incomoda, mas pior ainda é fazer mudança – explica Eluísio.
De acordo com a Secretaria de Obras, para a construção do viaduto, os donos de 23 casas e terrenos foram indenizados. Três moradias foram demolidas no lado do Rio Tavares, onde passará o elevado. Falta apenas uma que deve ser posta abaixo até o final do mês. Uma área com mais de 10 casas ficará cercada pelo elevado, Avenida Diomício Freitas e a SC-405 (veja mapa).
O orçamento para as desapropriações é de R$ 4 milhões, sendo que R$ 3 milhões já foram gastos e mais um terreno poderá ser comprado. O secretário de Obras, Luiz Américo Medeiros, afirmou que existe um plano de desapropriar as casas que ficaram no meio do viaduto, mas não está garantido que o projeto sairá do papel:
– Primeiro precisávamos retirar aquelas que estavam no traçado do viaduto. Agora, estamos estudando a desapropriação total do espaço.
A conclusão está prevista para março, mas a expectativa do secretário é de que a obra fique pronta ainda em dezembro deste ano.
(Por ROBERTA KREMER, DC, 25/10/2010)
Ao lado, casa está cheia de rachaduras
Do outro lado do viaduto, onde fica a Costeira do Pirajubaé, a última casa é de Ana dos Santos. Com o aterro colocado para a obra, ela reclama que a casa se tornou o escoadouro para a água da chuva. Além disso, está cheia de rachaduras, que ela garante ser resultado da vibração das máquinas. Ana quer ser indenizada e sair de lá.
Para o secretário de Obras, Luiz Américo Medeiros, a casa foi construí-do abaixo do nível e a água começou a ser projetada para o terreno depois que foi construída a Via Expressa Sul, pois antes era escoada para o mar. Sobre as rachaduras, ele confirma ser devido à obra, mas diz que só serão consertadas após a conclusão do viaduto, já que outras fissuras poderão aparecer. Ele garante que não há risco de desabamento do prédio.
– A prefeitura não tem como desapropriar aquela casa agora –afirma Medeiros.
(DC, 25/10/2010)
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