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12/07/2010
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12/07/2010

Do blog de Cesar Valente (DeOlhoNaCapital, 10/07/2010)

Essa discussão sobre o estaleiro em Biguaçu voltou a levantar o velho lodo que repousa no fundo das nossas baías: por que não usamos o mar que nos rodeia como deve ser usado? Por que deixamos fechar o canal de navegação da baía norte? Por que fizemos pontes que impedem a passagem de barcos maiores? Por que não temos transporte marítimo? Por que continuamos de costas para o mar?

As perguntas são inúmeras e as respostas, quando aparecem, são sempre insatisfatórias. Porque esbarram num fato inegável: já fomos ousados, adiantados, admirados quando, no começo do século XX, construímos uma ponte que, além de bonita, não impedia a navegação. E pensamos na ponte como parte de um sistema multimodal integrado de transporte, num tempo em que esses palavrões ainda não eram uso corrente. Por ali passariam trens, que iriam de um porto a outro e ao interior do estado. Mas a ousadia durou pouco, a modorra venceu, a burocracia soterrou os sonhos e os políticos do imediatismo e da fortuna fácil com dinheiro público trataram de colocar as coisas nos seus devidos termos.

Hoje, até a possibilidade, modesta, de uma dragagem do canal para que barcos de médio calado possam navegar, é encarada como tabu. E num ambiente já degradado em tantos aspectos, usufruir de um bem natural como fazem tantos povos no mundo, torna-se uma ação lesa pátria e uma ameaça ao futuro do planeta.

Para ajudar nessa reflexão, deixo com vocês, neste final de semana, o filminho abaixo, que montei às pressas hoje de manhã, com cenas de 2003. Ali mostro um pouco do porto urbano de Victoria, capital da Columbia Britânica, na ilha de Vancouver, costa oeste do Canadá, banhada pelo Pacífico. É um porto natural, que antigamente era porto comercial e agora tem usos de lazer e turismo. Naquela baía sobem e descem hidroaviões, saem as lanchas rápidas que ligam Victoria a Seattle (nos EUA), circula um simpático ônibus aquático para transporte público e navegam barcos de vários tipos. Os navios grandes e de carga usam um porto fora da baía.

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