Da coluna de Moacir Pereira (DC, 27/06/2010)
Centenas de catarinenses já tiveram o privilégio de navegar nas águas do Caribe, desfrutando da mais moderna tecnologia naval, a bordo do Oasis of the Seas. É o gigante dos mares, o maior navio do mundo. Em seis meses, era um irmão gêmeo, o Allure of the Seas. Pesa 220 mil toneladas, recebe 5,450 mil passageiros, tem 16 andares e uma concepção que é um sonho. A exemplo do que ocorre em dezenas de navios em modernos cruzeiros pelo mundo, o Oasis informa: fabricado em Turku, na Finlândia. Turku é uma cidade com cerca de 170 mil habitantes, berço de excepcionais inovações tecnológicas na indústria naval. Para os catarinenses que se sentem frustrados com a incompetência dos governantes na implantação de transporte marítimo eficiente e rápido, vale outro dado: o porto de Turku movimenta 3 milhões de passageiros por ano, a maioria na ligação com Estocolmo.
Quem compra os vídeos sobre a construção destes navios constata feitos extraordinários da engenharia naval. A começar pela exemplar proteção de toda a imensa área ao redor do estaleiro, um colar esverdeado e colorido. Segue-se o navio descendo a rampa na inauguração rumo ao Mar Báltico, oferecendo outro cenário encantador, onde o pomposo edifício vai singrando as calmas águas do Golfo de Botnia, atravessando uma paisagem ecológica belíssima. Pois, se o Instituto Chico Mendes tivesse poder para conceder licenças ambientais, Turku existiria no mapa apenas como antiga capital da Finlândia. Nem fábrica de bateiras ali funcionaria. O comparativo impõe-se pela ameaça de transferência do mais moderno estaleiro de construção de plataformas e embarcações navais da OSX, em Biguaçu, por conta da burocracia.
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Perdas
Indicado pelo Grupo RBS para cobrir missão catarinense nos Emirados Árabes Unidos, o repórter Renato Igor testemunhou os lamentos de investidores em Dubai. Os donos da Dubai Port World projetaram investimentos milionários no Porto de São Francisco do Sul. Acabaram levando tudo para o Peru. Disseram que em território catarinense jamais implantariam uma unidade, tamanha a burocracia para os alvarás, a papelada para as licenças ambientais e a insegurança jurídica.
Nos vetos do Instituto Chico Mendes há vários pontos a questionar, a começar pelo radicalismo de seus pareceres. Quando a concessionária estava ampliando o Porto de Imbituba, em 2009, tudo com dinheiro privado, o mesmo Chico Mendes embargou as obras, alegando que o bate-estaca prejudicava o sono da baleia-franca. Especialistas em engenharia naval provaram, depois, que ruídos no litoral seguem a linha da terra, nunca no nível do mar. Sem afetar a vida das baleias.
Triste é verificar a mais absoluta indiferença com que autoridades, lideres partidários, parlamentares e a classe política em geral tratam questões tão relevantes. Não se viu um só candidato interessado em acompanhar o projeto. Afinal, um investimento de R$ 2,5 bilhões, que vai gerar mais de 2,2 mil empregos diretos, trazer altíssima tecnologia para SC, não deveria ficar restrito a dois ou três burocratas. Algumas vezes atuando legitimamente em defesa da ecologia, mas quase sempre apenas como guardiães de patrulhas ideológicas.
Enquanto a OSX escapa pelas mãos, os políticos fecham-se em torno de seus próprios interesses, dando as costas para os empreendimentos que realmente interessam ao povo catarinense.
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