A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está liderando a Rede Cooperativa Estadual de Pesquisa em Resíduos Sólidos, construída com o objetivo de traçar um diagnóstico e contribuir com proposições para a revisão do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, elaborado em 2016 pelo governo do Estado por força de uma legislação federal, a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sob coordenação do professor Armando Borges de Castilhos Junior, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, o grupo conta com a colaboração de outras nove instituições distribuídas nas seis mesorregiões do Estado.
O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), com cerca de R$ 3 milhões de investimentos aprovados. Segundo o professor, a rede é uma demanda do governo estadual para trabalhar com os resíduos a partir da legislação em vigor, traçando, a partir dessa articulação, um diagnóstico dos resíduos para cada região. O grupo também irá trabalhar na elaboração de uma ferramenta de levantamento de dados.
Castilhos reforça que o projeto irá apresentar o cenário das fontes geradoras de resíduos sólidos em todo o Estado de Santa Catarina, a partir desse levantamento e mapeamento da geração de resíduos sólidos por mesorregião catarinense. Para cada tipo de resíduo será possível conhecer, por exemplo, os pontos críticos de origem, o volume gerado, aspectos da classificação, coleta, transporte, destinação e infraestrutura instalada, além dos processos e fluxos associados às rotas tecnológicas e soluções locais e regionais, consorciadas ou compartilhadas para geração de oportunidades para o setor.
O estudo da rede possibilitará padronizar uma metodologia e construir um banco de dados que irá armazenar e filtrar dados por mesorregião. “Os principais impactos desta ferramenta serão científicos, tecnológicos, econômicos e ambientais, resultando na melhoria da qualidade de gerenciamento dos dados e a facilidade do acesso à informação, que consequentemente prestarão melhor apoio à decisão sobre as ações, projetos e programas a serem desenvolvidos para alcançar as metas a serem estabelecidas para o Estado e municípios”, avalia o texto do projeto financiado pela Fapesc.
A pesquisa também sinaliza para um impacto frente às mudanças climáticas, já que a gestão dos resíduos realizada de forma adequada traz contribuições expressivas ao meio-ambiente. “Os principais impactos ambientais resultarão na redução da geração de resíduos e do manejo ambientalmente adequado de resíduos e produtos químicos, de modo a minimizar os impactos ambientais adversos no solo, água, atmosfera e as suas consequências para as mudanças climáticas”.
Articulação
A rede irá reunir instituições públicas e privadas de Santa Catarina. “É um trabalho grande de articulação com colegas que já se conheciam e outros que estão se conhecendo agora, na formação da rede. A proposta é gerar um diagnóstico e um prognóstico para melhorar a coleta, o transporte e o tratamento de resíduos”, explica. A UFSC fará a análise na Grande Florianópolis, cujos resíduos são levados ao aterro. Essa forma única de tratamento não é a ideal, já que seria possível combinar outras opções. “Podemos propor ideias de como gerenciar os resíduos”, comenta. Para isso, destaca o professor, também é necessário estabelecer diálogo com as comunidades envolvidas.
Esse olhar focalizado nas especificidades de cada região vai permitir que os municípios também possam ter um olhar mais direcionado para a gestão dos resíduos. “A realização do presente projeto de pesquisa impactará positivamente o Estado de Santa Catarina, tanto do ponto de vista econômico, social, ambiental, tecnológico, bem como, do ponto de vista científico e de formação de recursos humanos, alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, aponta o projeto.
A pesquisa vai ter a duração de dois anos, com cinco etapas: a estrutura de governança da rede; a definição de ferramenta para aquisição de dados, banco de dados e modelagem de
indicadores de desempenho; o levantamento de dados primários e secundários nas Mesorregiões de Santa Catarina; o processamento e tratamento de dados das Mesorregiões de Santa Catarina e as proposições para revisão do Plano Estadual de Resíduos Sólidos. “A repercussão para a sociedade será muito positiva”, antecipa o professor.
As universidades que compõem a rede, por Mesorregião:
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)
Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus Garopaba
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus Itajaí
(UFSC, 26/06/2024)
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