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Artigo de Emerilson Gil Emerim
Biólogo e coordenador de Preservação Ambiental do Movimento Floripa Sustentável

E se a tragédia que assola o Rio Grande do Sul atingisse a capital catarinense, a cidade estaria preparada? A maior tragédia climática da história do Estado gaúcho acontece diante dos nossos olhos, levando-nos a refletir se a estrutura da nossa cidade suportaria as consequências dessa crise, que será ainda mais grave em cidades costeiras como a nossa. Diante desse alerta, o único fio condutor que pode nos levar à segurança chama-se planejamento para prevenção.

Visando principalmente o combate às enchentes, a drenagem urbana, que faz parte do sistema de macrodrenagem, é fundamental, mas segue sendo um grande desafio para a capital catarinense, que já enfrentou recentemente situações de grandes cheias, especialmente quando ocorre grande volume de chuva associado à maré alta.

Em 2014, um Plano Diretor que previa o regulamento do Plano Municipal de Macrodrenagem foi aprovado, mas não saiu do papel. Por isso, pouco se sabe ainda sobre o que está debaixo da nossa cidade. É de se louvar a decisão da prefeitura que contratou um amplo estudo sobre o tema há um ano, embora ainda não tenha começado a implementação.

Outro ponto que merece atenção são os elementos hídricos. É necessário, por exemplo, determinar a função de cada um deles em área urbana. Ações como a dragagem de canais artificiais, o plantio de vegetação nas APPs (Áreas de Preservação Permanente) e a criação de parques urbanos laterais para que, quando houver transbordamento, essas águas tenham o escoamento adequado ou se tornem bacias de contenção, são fundamentais, pois sabe-se que o grande problema é o pós-chuva, quando se necessita de rapidez no escoamento da água para o local adequado, a fim de evitar inundações.

O fato é que a capital catarinense ainda não está totalmente preparada para grandes catástrofes. Por isso, os órgãos públicos e ambientais precisam trabalhar em conjunto contra uma situação que pode ser evitada. E aqui ressalto a importância de fortalecermos cada vez mais a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente).

Precisamos efetuar a manutenção de todos os elementos hídricos (canais e bocas de lobo, por exemplo) e realizar permanentemente o monitoramento dessas áreas. Educação ambiental tem que ser regra, pois a comunidade precisa saber que tudo que jogamos nas ruas e sarjetas vai parar nos sistemas de drenagem, além de um rígido combate às ocupações irregulares e incentivos à celeridade nas aprovações de projetos devidamente legais.

A prevenção e o planejamento são o grande segredo para a cidade enfrentar os efeitos drásticos das mudanças climáticas. Tudo isso tem um objetivo: evitar remediar o que pode ainda ser evitado.

(ND, 17/05/2024)

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