Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 07/11/2023)
Iniciativa da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) de lançar a Agenda da Água do Estado, com exposição da realidade com dados, coloca o desafio de que é preciso definir uma gestão dessa área cada vez mais estratégica para a vida e a economia. Entre os dados colocados estão o fato de SC ter perdido em 32 anos R$ 32,5 bilhões com desastres naturais e, agora, precisa investir R$ 6,3 bilhões em saneamento até 2033.
Por ser um insumo essencial para a vida e para qualquer atividade humana, a Fiesc avalia que SC necessita de uma política de Estado. O presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, destaca que a água é matéria-prima para produção de alimentos, bens de consumo e medicamentos, além de ser estratégica para setores como a indústria, agricultura e turismo, atividades que contribuem para geração de emprego, renda, tributos e circulação da economia.
A nova agenda coloca luz sobre quatro pontos relevantes da água: suprimento, qualidade, falta e excesso. As perdas bilionárias afetaram a maioria dos setores econômicos, nessas últimas décadas, segundo apuração do Atlas Digital de Desastres no Brasil, que colocou SC em sexto lugar no total de perdas.
A indústria catarinense foi a mais afetada do país com desastres nesse período, com perdas de R$ 2,67 bilhões. O montante de R$ 32,5 bilhões apurados inclui perdas resultantes de alagamentos, chuvas intensas, exurradas, inundações, movimentos de barragens e secas.
Uma das palestrantes do evento, a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, destacou que de cada R$ 1 investido em saneamento, são gerados R$ 4 em saúde.
Estudo do instituto apurou que a universalização do saneamento vai gerar ganhos econômicos para a economia de Santa Catarina de R$ 23,9 bilhões até 2055. Isso em produtividade nas empresas porque as pessoas vão ficar menos doentes e faltarão menos ao trabalho; e, também, na valorização imobiliária pela melhoria do meio ambiente.
– Um grande desafio para Santa Catarina é a gestão. Nós precisamos ter uma governança desse assunto, ele precisa estar centralizado em algum órgão que tenha essa visão holística da água como suprimento, água e saneamento – destacou Egídio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc e coordenador da Agenda da Água.
Veja as sugestões da Fiesc para os quatro desafios da Agenda da Água:
Suprimento
➢ Privilegiar o uso de água superficial
➢ Uso sustentável das águas subterrâneas (Aquífero Guarani) considerando manter os aspectos quanti-qualitativo
➢ Redução das perdas de água no sistema de abastecimento de água
➢ Estimular o consumo consciente nas cidades
➢ Construção de Açudes, Cisternas*
➢ Investir em tecnologias para uso eficiente da água, considerando o aproveitamento de água das chuvas, reuso de efluentes, redução no consumo etc.
➢ Incentivar o Reúso de Efluentes de Indústria para Indústria
➢ Incentivos fiscais para o reúso de efluentes
Qualidade (Saneamento)
➢ Incentivo às Concessões Privadas e Parcerias Público-Privadas
➢ Estímulo à linhas de crédito
➢ Fortalecer a Vigilância Sanitária para potencializar a fiscalização de ligações irregulares
➢ Santa Catarina necessita investir R$ 6,4 bilhões nos próximos 33 anos, para atingir a universalização do saneamento
Falta água (Seca)
➢ Manter a cobertura vegetal
➢ Gestão eficiente e participativa dos recursos hídricos*
➢ Valorização dos Comitês de Bacia*
➢ Proteção de nascentes, fontes e mata ciliar*
➢ Incentivo ao pagamento por serviços ambientais*
➢ Conscientização e Educação Ambiental*
*Em alinhamento com o relatório técnico-científico: Estiagem no Oeste Catarinense – Diagnóstico e Resiliência (2017) propõem-se as seguintes medidas para mitigar os efeitos da estiagem em Santa Catarina.
Excesso (Enchentes)
➢ Avaliação da capacidade atual das barragens existentes e, caso necessário redimensionamento ou construção de novas;
➢ Gestão mais eficiente da operação das atuais barragens, considerando o equacionamento de possível inundação de comunidades ribeirinhas e indígenas;
➢ Execução das obras sugeridas pelo programa da agência japonesa Jica, elaborado após os desastres de 2008 e 2011
➢ Dragagem do Rio Itajaí-Açu
➢ Investir em infraestrutura de drenagem
➢ Aumentar o orçamento da Defesa Civil
➢ Desenvolver um Plano Estadual de Adaptação para as Mudanças Climáticas
➢ Avaliar os sistemas de macrodrenagem urbanas
➢ Plano Estadual de Adaptação para as Mudanças do Clima específico para Rodovias, considerando os pontos mais críticos, de maior demanda etc.
INDÚSTRIA
➢ Participação das indústrias nos Comitês de Bacia
➢ Implementação das Estratégias para a Adaptação (Planos de contingência)
➢ Gestão Estratégica e Sustentável o Uso Eficiente: Redução do Consumo de Água
o Reutilização de Água
o Reciclagem de Nutrientes
o Gestão Integrada de Recursos Hídricos
➢ Aplicação na Indústria do Plano de Adaptação Climática: Indústria resiliente
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