Este é o 14º manifesto contra greves abusivas de serviços essenciais e de servidores públicos que o Floripa Sustentável, movimento constituído por 44 entidades da comunidade catarinense, faz desde a sua fundação, em agosto de 2017. Ou seja, são pelo menos duas paralisações por ano, todas consideradas ilegais pela Justiça.
E, em todas elas, praticamente a mesma estratégia perversa comandada por uma minoritária elite sindical que manipula servidores municipais e da Comcap: pegar a cidade de surpresa, do dia para a noite, prejudicando mais de meio milhão de pessoas que dependem desses serviços para o seu dia a dia.
Mesmo com a grande revolta da população e os prejuízos causados para a cidade, todas essas paralisações tiveram mais um elemento comum: o perdão às multas, demissões e a todas as demais sanções a que o Sindicato e funcionários faltantes deveriam ser submetidos. Trata-se pura e simplesmente de IMPUNIDADE, e quem fica impune, não teme em reincidir na infração.
Sem esquecer da gravidade e dos prejuízos de todas as paralisações anteriores, podemos afirmar que esta greve não só é ilegal, mas comete uma desumanidade principalmente contra a população florianopolitana, senão vejamos:
• Foi tramada na calada da noite de terça-feira (31/10) por uma elite de sindicalistas que tinha plena consciência de que no feriadão a Capital catarinense terá cerca de 150 mil pessoas nas ruas em virtude de 4 grandes eventos (Folianopolis, Fenaostra, Marcha para Jesus e Maratona de Jurerê), boa parte deles turistas. Imagine-se a quantidade de lixo a mais que teremos nas ruas de Florianópolis.
• Foi deflagrada na manhã de quarta-feira (1º/11) sem qualquer diálogo ou resposta à proposta de conciliação feita pela Prefeitura e, ato contínuo, demonstrando claramente que tudo já estava previamente arquitetado, grevistas saíram pelas ruas com a evidente intenção de tumultuar o trânsito, ocupando uma das faixas da Ponte Pedro Ivo Campos e depois causando tumulto no centro da cidade.
• Essa paralisação abusiva prejudica especialmente os trabalhadores e os pequenos e médios empreendedores que dependem do comércio e do turismo, e que tiveram incontáveis prejuízos depois do mês de outubro mais chuvoso dos últimos 100 anos, e esperavam agora ansiosamente reverter parte desse prejuízo.
• É uma greve claramente ideológica e que repete a mesma prática politiqueira dos anos que antecedem ou em que ocorrem eleições – como historicamente acontece em Florianópolis.
Feitas essas afirmativas, cabe aqui registrar os dois últimos parágrafos do manifesto do Floripa Sustentável por ocasião da última “greve geral” de servidores e Comcap ocorrida no primeiro semestre de 2022:
• “Com relação à Comcap, não há mais meio termo: é urgente a privatização. O melhor argumento está sendo dado agora, nesta greve: o Continente e o Norte Ilha seguem com os serviços normalmente, porque são atendidos por empresas terceirizadas. O resto da cidade segue refém do sindicato, espera-se que não por muito tempo. Que sejam privatizados os serviços da Comcap em toda a cidade”.
• “O Movimento Floripa Sustentável reafirma: se não houver punição dos responsáveis e dos faltosos, pelo “perdão” que caracteriza cada final de greve e se medidas duras não forem tomadas, continuaremos todos reféns de meia dúzia de sindicalistas e “políticos” que lhes dão cobertura. Até quando?”
Apesar desse alerta, não houve qualquer iniciativa para a privatização da Comcap e, mais grave do que isso: a Justiça decidiu mais uma vez “perdoar” o Sindicato, a Prefeitura beneficiou servidores infratores com “acordos de reposição de horas” que dificilmente são cumpridos, enfim, mais uma vez a IMPUNIDADE foi a grande contemplada em detrimento da população da Capital.
Diante desse cenário, o movimento Floripa Sustentável se coloca de forma veemente e ativa para a solução de questões cruciais para nossa cidade:
• Que as negociações de acordo para o fim da greve sejam acompanhadas pela sociedade, por suas entidades representativas e também pela Câmara de Vereadores e que haja ampla, clara e transparente divulgação de todo o processo pela imprensa e redes sociais. E que as decisões judiciais, sanções funcionais e administrativas sejam cumpridas, doa a quem doer.
• Que se inicie imediatamente um processo de modelagem para a CONCESSÃO dos serviços não só da Comcap, mas também de outros prestadores de serviços que vêm negligenciando a Capital catarinense, como é o caso da Casan, que também vem cometendo abusos contra a nossa população e o meio ambiente, vide casos da Lagoa da Conceição, do rompimento do reservatório do Monte Cristo, do Rio do Brás, do esgoto no Sul da Ilha, episódios que comprometem a qualidade de vida, a saúde pública e também a imagem de Florianópolis no Brasil e no exterior.
Como sempre, o movimento Floripa Sustentável se mantém à disposição dos poderes públicos em todos os níveis para oferecer toda a expertise técnica e profissional das suas entidades e integrantes para a construção de soluções para a cidade, assim como para a promoção do diálogo entre os diversos atores da sociedade realmente interessados em fazer de Florianópolis uma cidade sustentável e de oportunidades para todos.
FLORIPA SUSTENTÁVEL
44 ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA COMUNIDADE CATARINENSE
(Movimento Floripa Sustentável, 03/11/23)
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1 Comentário
A privatização de parte dos serviços da COMCAP já deu mostras de quão ruim pode ser. É necessário que fique bem claro aos apologistas de privatizações, que no que se refere aos serviços públicos o privado nunca foi melhor.