"Os desafios são enormes, mas não nos amedrontam, porque temos a confiança em todos que representam os mais diversos setores da nossa comunidade.” Roberto Costa - Coordenador geral do Floripa Sustentável
O crescimento acelerado de Florianópolis traz consigo uma série de desafios que exigem planejamento, diálogo e responsabilidade. Criado em 2017, o movimento Floripa Sustentável nasceu justamente para enfrentar essas questões, reunindo entidades, empresas e cidadãos com o objetivo de fomentar soluções eficazes para o desenvolvimento da cidade. Apartidário e atuante em temas estruturais, o grupo se consolidou como um espaço de debate permanente, contribuindo para projetar um futuro sustentável para a Capital.
No aniversário de 352 anos de Florianópolis, o coordenador geral do Floripa Sustentável, Roberto Costa, reforçou, em entrevista ao jornal ND, a importância de conciliar expansão econômica, inclusão social e preservação ambiental. Ao longo dos últimos anos, o movimento esteve presente em debates que resultaram na revisão do Plano Diretor, participou de campanhas sociais e defendeu medidas para melhorar a mobilidade urbana e fortalecer a economia do mar.
Entre os principais desafios apontados por Costa estão a regulamentação do Plano Diretor e o acompanhamento das metas do pacto pelo saneamento. Além disso, inclusão social, educação técnica e mobilidade integrada seguem como prioridades.
Por fim, o coordenador apontou que o movimento projeta ações para médio e longo prazos. A aposta está na integração de quatro pilares — ambiental, econômico, social e urbano — com foco em planejamento, inovação e qualidade de vida. A participação da sociedade civil e o diálogo constante com o Poder Público são apontados por Costa como fundamentais para garantir uma cidade equilibrada nos próximos anos.
O Floripa Sustentável surgiu com a proposta de fomentar soluções para um crescimento responsável da cidade. Olhando para os últimos anos, quais avanços se destacam?
Aprovação da revisão do Plano Diretor de Florianópolis; campanhas de conscientização, entre elas a “Não dê Esmolas! Dê Oportunidades”, que abordou um problema presente: as pessoas em situação de rua na Capital; discussão sobre a economia do mar, especialmente com debates com o Grupo ND; mobilidade urbana da Grande Florianópolis, planejamentos e discussões que foram levantados e liberados pelo movimento; debate sobre o destino do presídio, no qual o FS sugeriu a criação de um amplo espaço cultural; manifesto contra o PL da Casan (na Alesc) e contra projeto que criava gratificações para a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores da Capital surtiram efeito e esses projetos foram retirados da pauta.
E quais são os desafios?
Primeiro, o acompanhamento da regulamentação do Plano Diretor, em especial, o Projeto da Outorga Onerosa e Incentivos, para oferecer reais possibilidades de investimentos à cidade, de parte de empresas e empreendedores. É preciso uma atenção especial aos incentivos à hotelaria, para contemplar o turismo.
Da mesma forma, não só apoiar e acompanhar a implementação do pacto pelo saneamento pela prefeitura, mas buscar junto à Casan respostas claras e transparentes sobre sua capacidade de realizar todos os projetos e obras com as quais está comprometida com a capital catarinense, seu principal cliente.
E se a Casan não consegue dar essas respostas, é preciso encontrar alternativas, por mais duras e complexas que elas possam ser.
Temos ainda compromisso com a inclusão social, e não se trata apenas da Habitação Social, que está contemplada na revisão do Plano Diretor, mas também questões mais profundas, como a acessibilidade, educação, saúde, incentivo ao empreendedorismo, entretenimento e lazer nas áreas mais carentes, como vimos nas missões a Medellín, na Colômbia.
A mobilidade urbana precisa de Planejamento Regional via Região Metropolitana e integração dos municípios, não só no que se refere aos modais de transporte terrestre, mas também ao marítimo.
Na educação, nossa proposta é resgatar todos os planos já feitos por entidades e instituições da nossa cidade, para a construção de um Plano Diretor de Educação Técnica e Profissional, para formação de mão de obra especializada e com rápida aderência ao mercado de trabalho.
Os desafios são enormes, mas não nos amedrontam, porque temos a mais absoluta confiança em todos que estão aqui presentes, que representam os mais diversos setores da nossa comunidade, e também a confiança no principal patrimônio que Florianópolis possui, que é a sua gente.
O planejamento urbano é um dos pilares do movimento. Como Florianópolis pode crescer de forma sustentável sem comprometer a qualidade de vida da população?
Com a aprovação do Plano Diretor, ficou ainda mais claro que é necessário repensar a cidade para que não haja mais um crescimento desordenado. É importante que a população não se espalhe aleatoriamente, mas se centralize perto do lugar onde vivem, trabalham e isso entra também no Retrofit, onde prédios estão sendo repensados para que melhorem o planejamento urbano da cidade.
Ao longo dos anos, o Floripa Sustentável tem se consolidado como um espaço de debate e construção de soluções. Há iniciativas concretas em andamento que possam influenciar diretamente no futuro da cidade?
Uma das iniciativas, debatidas no último almoço estratégico de 2024, foi o Futuro da Penitenciária da Agronômica, onde foi sugerido que ele se tornasse um espaço cultural.
Se projetarmos Florianópolis daqui a 25/50 anos, como a entidade enxerga a cidade ideal? O que precisa ser feito hoje para que esse futuro se torne realidade?
Para pensar em Florianópolis daqui a 25 ou 50 anos, é fundamental que o movimento Floripa Sustentável, juntamente com a sociedade e o Poder Público, invistam em ações que dialoguem com os quatro pilares estratégicos – ambiental, econômico, social e urbano – de forma integrada.
Dialogar com o Poder Público Municipal para que o Plano Diretor incorpore tecnologias para gestão urbana (Cidade Inteligente), incentivo efetivo ao transporte coletivo.
Além disso, garantir que as transformações urbanas promovam a equidade, com programas de habitação social, educação e qualificação profissional focados em comunidades historicamente marginalizadas; desenvolver campanhas e programas educativos que incentivem a população a adotar práticas sustentáveis, entre tantas outras.
Enfim, para transformar essa visão estratégica em realidade é essencial agir hoje com políticas públicas de longo prazo, envolvendo todos os setores da sociedade em um diálogo contínuo. A integração das ações permitirá que Florianópolis não só preserve seus atributos naturais, mas também se torne uma referência em qualidade de vida, inovação e responsabilidade social.
(ND, 22/03/2025)
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