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Atuante em diversas causas sociais de Florianópolis, a empresária Zena Becker tem um histórico admirável dedicado à defesa do desenvolvimento, preservação e inclusão na cidade. Ela deixou recentemente a coordenação do Movimento Floripa Sustentável para assumir a Coordenadoria de Projetos Especiais e Relação com a Sociedade Civil da Prefeitura de Florianópolis, a convite do prefeito Topázio Neto.

Porém, sua trajetória iniciou há mais de três décadas. Zena foi presidente da APAE, fundadora do Instituto Guga Kuerten, vice-presidente e presidente da Associação FloripAmanhã, fundadora e coordenadora do Fortur – Fórum de Turismo da Grande Florianópolis, além de atuação no COMDES e também como secretária municipal do Turismo. Durante a pandemia da Covid-19, ela participou ativamente dos movimentos “Todos Pela Vacina” e “Aliança pela Vida”.

“O que a gente precisa ver em perspectiva é que há pelo menos duas décadas Florianópolis começou a organizar seus movimentos em prol da cidade – e eu fiz parte de todos eles, como, por exemplo, a FloripAmanhã, liderada pela Anita Pires, o Fortur, o Fórum de Turismo da Grande Florianópolis, e então veio, em 2018, o Floripa Sustentável, que foi uma ideia do Vinicius Lummertz, Fernando Marcondes, Roberto Costa, professor Neri dos Santos e outros valorosos companheiros que lutam pela cidade”, destaca Zena.

As ações do Floripa Sustentável

Ela lembra que a primeira ação do Floripa Sustentável foi apoiar o prefeito Gean Loureiro, que, segundo ela, precisava avançar numa série de questões – entre elas, a autarquização da Comcap.  “Como sempre, vínhamos encontrando sérias resistências da chamada ‘minoria ruidosa’, que contava com a inércia da ‘maioria silenciosa’ para impedir exatamente uma série de avanços que a cidade necessitava e ainda necessita”, lembra.

A coordenação do Floripa Sustentável reúne 45 entidades, que representam a maioria da comunidade florianopolitana. “Desenvolvemos um trabalho que tem como pilares evitar o crescimento desordenado, frear as invasões de terras e construções ilegais clandestinas, preservar o meio-ambiente sem permitir avanços sobre os 67% de vegetação que ainda temos na nossa cidade – que tem uma das maiores florestas urbanas do planeta -, incentivar o Turismo e a Tecnologia – que são pilares da economia “limpa” da Capital catarinense – e, principalmente, a inclusão social, em todos os sentidos e também especificamente na habitação social”.

Ela ressalta ainda que os movimentos FloripAmanhã, Fortur e Floripa Sustentável sempre mantiveram sua independência com relação ao poder público, principalmente Prefeitura e Câmara. “Esses movimentos têm um olhar crítico: apoiam quando tem que apoiar, criticam quando precisam criticar. E o Gean e o Topázio compreenderam isso, então ficou mais fácil de manter uma boa relação, tanto com um como o outro”, observa.

Zena Becker destaca que o prefeito Gean Loureiro lançou uma plataforma de avanços para a cidade ao indicar o atual prefeito, Topázio Neto, que de acordo com ela, é um empreendedor moderno, experiente, mas com pensamento jovem e cosmopolita.

Ela salienta que os movimentos abrigam uma boa parte da “inteligência” da cidade, pois possuem uma massa crítica que tem um peso fundamental para definir o futuro de Florianópolis, com profissionais e acadêmicos de todos os níveis e de todos os setores. “É algo inédito no Brasil e já há várias cidades brasileiras querendo copiar o que a gente faz aqui em termos de movimentos pró-cidade”.

Mantendo a história

Em 2021, a prefeitura de Florianópolis apresentou um novo projeto para a revitalização do centro histórico. Porém, as obras foram suspensas pela Justiça no final do mesmo ano, antes mesmo de terem início. Na época, o Ministério Público entendeu que a obra iria “mutilar a identidade urbana de Florianópolis”.

Entretanto, em maio de 2022, houve a determinação para que os órgãos de proteção ao patrimônio histórico se manifestassem no prazo de 30 dias e que, com ou sem resposta, as obras estariam liberadas. Sendo assim, o executivo municipal modificou a ideia original, preservando o patrimônio histórico e os paralelepípedos, que antes estariam sob ameaça.

“É tudo uma questão de diálogo. Mas em Florianópolis o que acontece, antes de começar a conversa, é a judicialização. Para ter uma ideia, por causa dos paralelepípedos da Praça XV, a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) chegou a tombar ‘provisoriamente’ uma área que ia da Ponte Hercílio Luz até o Hospital de Caridade, do Hospital de Caridade até a Mauro Ramos com Beira-Mar Norte, e dali até a Ponte. Uma área que é praticamente todo o centro de Floripa, onde moram e trabalham mais de 200 mil pessoas. Era um absurdo – e ainda bem que a FCC voltou atrás”, conta.

Segundo ela, é preciso dialogar mais, debater, confrontar, mas evitar que a cidade seja sitiada por ações judiciais e intervenções da União, pois isso tem um alto custo para Florianópolis. “Historicamente virou a cidade do ‘não pode’ e, realmente, onde não pode, não pode, mas, onde pode, tem que fazer. Ela dá o exemplo do que não pode: “não pode ter invasões no Maciço do Morro da Cruz para a construção de casebres insalubres; mas ‘tem que poder’ ter áreas para a Habitação Social, organizadas, com saneamento, áreas de preservação e lazer, creches e escolas, comércio, etc. Que os paralelepípedos da Praça XV fiquem para a cidade como um emblema da necessidade de diálogo, de pacificação e de amor por Florianópolis ontem, hoje e sempre”.

A Floripa dos próximos anos

Questionada sobre os riscos impostos à Capital, devido à falta de diálogo entre os órgãos municipais, a empresária responde: “Só corre risco se a gente quiser. Hoje conhecemos profundamente os problemas da nossa cidade – não há mistérios, pelo contrário, há caminhos claros e transparentes para as soluções. Por exemplo: por que permitimos que o esgoto continue a céu aberto na região da Ponta do Coral, sendo jogado “in natura” no mar? Por que permitimos que ligações clandestinas continuem na Beira Mar Norte e impeçam, inclusive, que a obra de despoluição feita com milhões de dinheiro público não tenha dado resultado? Eu poderia dar aqui centenas de exemplos de coisas que nós vemos diariamente, sabemos, mas não consertamos”.

De acordo com ela, a qualidade de vida está em risco a partir de algumas evidências: todos os dias mais de 60 mil pessoas se deslocam entre o Norte e o Centro da Ilha pela SC-401. “Esse número só aumenta. Pode dar certo? Ora, a resposta é evidente, está na frente de todo mundo, das pessoas que usam transporte coletivo, de quem tem carro, das autoridades públicas, dos trabalhadores e empresários, então por que não tomamos uma providência?”, questiona.

A empresária lembra que a união fez a força e ainda faz, e culmina com a aprovação da revisão do Plano Diretor, “que está agitando toda a cidade, reunindo milhares de pessoas para discutir o futuro de Floripa. Esperamos que mais este avanço seja aprovado na Câmara de Vereadores ainda em 2022”.

(Portal Imagem da Ilha, 09/08/2022)

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