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Decretos aumentam território protegido de Florianópolis

Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 16/11/2021)

Pesquisadora do Observatório de Áreas Protegidas da UFSC, a geógrafa Talita Góes avalia a criação de duas novas unidades de conservação – Meiembipe e Morro do Lampião -, que aumentaram significativamente o território protegido de Florianópolis.

Qual a importância da criação de duas novas unidades de conservação, Meiembipe e Lampião?
Agora temos 22 unidades de conservação em Florianópolis, incluindo municipais, estaduais e federais. Tínhamos o equivalente a 27% do território municipal protegido e agora são cerca de 40% do território protegido.

Se a gente for pensar que a Capital é muito procurada – e uma ilha cheia de ecossistemas frágeis -, essas medidas de proteção são um ganho imenso. Graças às áreas de conservação temos um turismo de qualidade. A cidade é reconhecida pelas suas belezas naturais e só ganha com isso.

O que caracteriza essas unidades?
As duas novas unidades são da categoria de proteção integral, que não permite que se faça uso direto dos recursos. Mas pode o indireto, como visitar, fazer trilha, contemplar, usufruir do contato com a natureza. E a propriedade privada pode existir ali dentro desde que não cause impacto.

São unidades que protegem integralmente, mas não são extremamente restritivas, como as reservas biológicas. Um exemplo é a Reserva do Arvoredo, onde não pode nem visitação pública.

Quais as principais diferenças entre as novas áreas protegidas?
A Revis Meiembipe tem mais de 59 km2 e 16 bairros no entorno. Vai proteger a paisagem natural – que inclui a fauna, flora e nove bacias hidrográficas extremamente importantes – mas vai além.

Ali dentro temos ruínas de antigos engenhos, casarões coloniais, cavernas graníticas, sítios arqueológicos com inscrições rupestres, sambaquis, oficinas líticas. É um local extremamente rico culturalmente também.

Já a unidade do Morro do lampião surge, tem um dos mais belos mirantes naturais da Ilha de SC, a pedra do Urubu, com visão 360 graus das unidades de conservação do entorno. É um trampolim ecológico para a fauna.

Qual é o próximo passo? Plano de manejo?
Há quem critique muito o fato de que nossas unidades de conservação seriam parques de papel.  O que é isso? Unidades criadas ou por lei ou decreto e que estão paralisadas, sem os outros instrumentos necessários para que sejam implementadas – como a criação de conselhos consultivos, planos de manejo, zonas de amortecimento e corredores ecológicos bem delimitados.

Mas mesmo sem esses instrumentos já é uma grande vantagem. Porque é capaz de frear coisas absurdas. Se não fosse a criação do parque da Lagoinha do Leste, por exemplo, aquele lugar maravilhoso e paradisíaco seria totalmente diferente. Sabemos que precisamos ir além disso, mas a criação das duas novas unidades já é motivo de comemoração.

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