A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) é uma das instituições parceiras na produção da primeira cerveja feita com ingredientes 100% catarinenses, a Toda Nossa, lançada neste mês pela Ambev. O malte de cevada, as leveduras e o lúpulo usados na fabricação da bebida são produzidos no Estado.
Além da universidade, que participou por meio do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), o desenvolvimento do produto teve participação da Secretaria de Estado da Agricultura, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), das cervejarias Ambev e Lohn Bier, da Prefeitura de Lages e da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo).
Já disponível no mercado, a nova cerveja totalmente catarinense foi apresentada na última terça-feira, 18, ao governador Carlos Moisés, em encontro com representantes das entidades participantes da iniciativa. A pró-reitora de Administração, Marilha dos Santos, representou a Udesc.
Cultivo de lúpulo
O projeto que resultou na nova cerveja contou com o conhecimento técnico e acadêmico da pesquisadora Mariana Mendes Fagherazzi, que concluiu doutorado em Produção Vegetal na Udesc Lages em fevereiro do ano passado. Orientada pelo professor Leo Rufato, sua tese foi a primeira no Brasil a abordar especificamente o cultivo do lúpulo no País.
A pesquisa da doutoranda estudou justamente a adaptabilidade de cultivares de lúpulo na Região do Planalto Sul Catarinense e, entre os resultados, permitiu direcionar o manejo aos lupulicultores da região, fortalecendo a cadeia produtiva em estruturação. Hoje, Mariana atua como engenheira agrônoma na Ambev.
A produção de lúpulo foi o principal desafio do projeto da cerveja 100% catarinense. A cultura ainda está em estágio inicial no Brasil e, atualmente, quase todo o lúpulo usado na fabricação de cervejas no País é importado.
Parceria da Udesc Lages
Para contribuir com a iniciativa, um acordo de cooperação técnica relacionado ao projeto foi firmado em 2021 entre a Udesc e a Ambev, envolvendo os programas de pós-graduação em Ciência do Solo e de Produção Vegetal da Udesc Lages.
Fruto de articulação da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Letícia Sequinatto, no ano anterior, o convênio teve como finalidade desenvolver ações conjuntas visando o fortalecimento do Projeto Lúpulo, com pesquisas e inovação desenvolvidas na área.
Um dos professores envolvidos na parceria, o professor Ricardo Casa explica que, “entre os esforços, estão incluídos treinamentos voltados a produtores locais”.
Fazenda modelo
Como parte do projeto, a Ambev instalou fazenda-modelo em Lages com um viveiro de lúpulo com capacidade para produzir 60 mil mudas por ano. As mudas são doadas a agricultores familiares da região, visando estimular e expandir o plantio na região da Serra Catarinense, que possui clima favorável para essa cultura.
A Fazenda de Lúpulo Santa Catarina conta ainda com uma lavoura experimental de 1 hectare, destinada a testes de manejo, e a empresa planeja implantar uma unidade de beneficiamento da planta e uma planta-piloto para o processamento de lúpulo, nas quais as plantas fornecidas pelos produtores serão beneficiadas e transformadas em pellets prontos para uso.
A Cervejaria Ambev também pretende incentivar o cultivo de cevada em Santa Catarina, com a criação de um campo experimental para a produção do cereal, da mesma forma que foi feita com o lúpulo.
Culturas de inverno
A expectativa é que o lançamento da primeira cerveja 100% catarinense ajude a alavancar toda uma cadeia econômica, incentivando as culturas de inverno em SC, diversificando a renda e agregando valor à produção.
No caso do lúpulo, a produção pode trazer uma cultura mais humanizada para o campo e uma boa fonte de renda para os produtores da região e agricultores familiares.
Segundo os integrantes do projeto, a produção ainda é tímida em Santa Catarina, concentrada em pequenos agricultores da região serrana, mas o estado tem grande potencial para plantio tanto de lúpulo quanto de cevada, que podem ser utilizados nas cervejarias nacionais. A cevada, além de abastecer a indústria, pode ser destinada para alimentação animal.
(UDESC, 19/08/2021)
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