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Florianópolis marca presença no Festival Gastronômico de Paraty

Foto: Divulgação/Rei do Mar

A segunda edição do evento tem o tema “Raízes” e será uma oportunidade para a capital catarinense mostrar ao mundo as influências de sua cozinha com 5 mil anos de história.

De 4 a 6 de dezembro, a cidade histórica de Paraty (RJ) irá realizar a segunda edição de seu festival gastronômico, um evento de projeção internacional. O tema deste ano é “Raízes”, que remete não apenas ao sentido literal da palavra, como também às referências históricas e à memória afetiva. Florianópolis é uma das cidades convidadas e será representada pelo chef Narbal de Souza Corrêa, voluntário da Associação FloripAmanhã. Ele é integrante da Confraria do Programa Florianópolis Cidade Criativa Unesco da Gastronomia. Em função da pandemia, boa parte do festival terá programação online. 

Para apresentar a cidade, Narbal gravou um vídeo de cinco minutos, Raízes: uma viagem no tempo, com uma cronologia dos 5 mil anos de história da culinária local. “O vídeo é a síntese do livro que escrevi em parceria com o historiador Amílcar D’Ávila de Mello e vai ser lançado em breve”, conta o chef, que é também pescador profissional, mergulhador e pesquisador em arqueologia subaquática. “Abordamos desde as três civilizações pré-cabralinas que viviam aqui até os dias de hoje, com a presença dos imigrantes haitianos e venezuelanos e a epidemia de covid-19, que levou ao fechamento de muitos restaurantes”.

Chef Narbal – Foto: Divulgação/Rei do Mar

Mescla de influências

Em edição ilustrada e bilíngue, a obra (E vem do mar: breve história dos alimentos e da culinária na Ilha de Santa Catarina) trará uma relevante fundamentação histórica sobre a origem da gastronomia local, contribuindo para corrigir um equívoco frequente. “Nossa cozinha não tem nada de açoriana”, explica Narbal. “Ela é indígena, portuguesa vicentista e africana, formatada por mãos açorianas”. Dessas influências, a indígena é a mais forte na comida local e está presente em ingredientes como a mandioca, os frutos do mar e os vegetais, conta o chef.

O livro também resgata outras influências estrangeiras, a partir de documentos de época. No capítulo sobre o século 20, por exemplo, há dois cardápios em francês: o primeiro, de 1908, de um almoço realizado no Hotel do Comércio em homenagem ao escritor, jornalista e político Virgílio Várzea; o outro, de 1919, de um almoço para o político Adolfo Konder. “Os cardápios mostram a influência francesa em pratos que se perpetuaram, como a maionese de lagosta, de 1908, e outros que caíram em desuso, como coelho, de 1919”, conta o autor.

“Em 2019 tivemos mais de 40 chefs convidados, mas este ano, por conta da pandemia, o festival vai ser mais enxuto para evitar aglomerações”, diz a sua organizadora, Geórgia Jouffineau. “A parte online vai ter vídeos de receitas e histórias de várias cidades criativas do mundo, como, por exemplo, a receita de berinjela com ovo mexido de uma cidade do Irã”. Todos os protocolos de segurança sanitária serão adotados na parte presencial, que contará com um circuito gastronômico de mais de 30 restaurantes no centro de Paraty. 

O evento pode ser acessado no site e pelas redes sociais em @paratygastronomia.

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