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Movimento caiu e turista gastou menos neste verão, dizem empresários catarinenses

Os resultados desta temporada confirmam a frustração dos empresários catarinenses, que esperavam um verão mais lucrativo. Para 70% dos donos de bares e restaurantes do litoral, o movimento foi muito pior (queda maior que 15%) ou pior (queda de até 15%) em relação ao verão do ano passado. Os dados, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel SC), foram obtidos com exclusividade pelo DC.

Além do movimento menor, quem veio gastou menos.  O desembolso médio dos clientes teve redução para 57% dos empreendedores questionados. Apenas 15% disseram que o gasto foi mais alto em relação a 2016.

Para a sondagem, a Abrasel consultou cerca de 100 proprietários de restaurantes em todo o litoral do Estado. A pesquisa é realizada em SC desde 2014, sempre em parceria com o Instituto Federal de Educação de Santa Catarina (IFSC), sob a coordenação do professor Tiago Savi Mondo.

Para o presidente da Abrasel SC, Raphael Dabdab, diversos fatores influenciaram, como a indefinição sobre o funcionamento dos beach clubs em Jurerê Internacional, a dúvida sobre a realização do Réveillon e a ausência de feriados no Natal e no Ano Novo.

Os resultados contrariam uma estimativa da Santur e da Secretaria de Estado do Turismo divulgada no final do ano passado. Falava-se em aumento de 20% no número de turistas, um dado que impressionou, já que a temporada de 2015 havia sido cheia.

No entanto, se em 2015 os brasileiros trocaram os destinos internacionais por nacionais, favorecendo o turismo no Estado, em 2016 o aprofundamento da recessão fez com que muitos parassem de viajar. E quem viajou fez isso com menos dinheiro no bolso.

— Os turistas vieram, o número de voos charter foi o mesmo do ano passado. O problema é que mudou o comportamento, vieram com menos dinheiro, O dólar na temporada passada estava R$ 4 para U$S 1, agora está R$ 3 para U$S 1. Isso influencia muito – afirma o presidente da Santur, Valdir Walendowsky.

Além do câmbio, a crise e a inflação que beirou os 40% no ano passado fizeram os argentinos virem em menor número. Nos primeiros 20 dias de janeiro (último dado disponível), a Polícia Federal registrou a entrada de 34,7 mil visitantes do país vizinho por via rodoviária em Dionísio Cerqueira, 20% menos que em 2016.

Os aeroportos do Estado também sentiram os efeitos. Em janeiro deste ano, os três maiores aeroportos catarinenses – de Florianópolis, Navegantes e Joinville – registraram 13,4 mil passageiros a menos. O único que teve aumento, de 6%, foi o da Capital.

Em imobiliárias e hotéis, o movimento variou. Quem estava acostumado a alugar apartamentos nos Ingleses, em Florianópolis, por exemplo, penou para achar clientes neste ano. No setor hoteleiro, contudo, chegou a haver melhora em janeiro, mas piora em fevereiro, ao menos na região da Capital. Segundo dados do  Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Grande Florianópolis (SHRBS), a ocupação em janeiro deste ano foi 2,24% maior em relação ao mesmo período no ano passado, e 0,74% menor em fevereiro.

Expectativa é de piora

Para o restante de 2017, a perspectiva de 43% dos donos de bares e restaurantes do litoral de SC é de que o movimento seja pior ou muito pior na comparação com o ano passado. Mesmo com o cenário pessimista, mais da metade dos empresários que participaram da pesquisa pretendem fazer novos investimentos até dezembro, a maioria em serviços no próprio estabelecimento.

A notícia boa fica por conta da infraestrutura. Ao contrário do observado em anos anteriores, trânsito, segurança, fornecimento de água, energia e saneamento não tiveram graves problemas para a maior parte dos entrevistados na pesquisa da Abrasel.

Movimento nos restaurantes do litoral catarinense no Ano Novo

(Diário Catarinense, 04/03/2017)

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