A proatividade de maricultores, o clima e a qualidade da água fizeram Florianópolis tornar-se a maior produtora de ostras do Brasil nas últimas duas décadas. As primeiras sementes do molusco foram trazidas para a Ilha de Santa Catarina ainda nos anos 1980, e na década seguinte, com a criação e consolidação do curso de aquicultura da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a atividade foi profissionalizada e difundida na Capital e no Estado.
Hoje, a produção de ostras em Florianópolis representa 80% do mercado nacional – a capacidade de produção da cidade é de 3,2 mil toneladas ao ano – e o sabor característico das ostras conquistou o paladar do catarinense e os cardápios de restaurantes de todo o país. “O cultivo da ostra surgiu como alternativa aos pescadores nas épocas de baixa safra. Atualmente, a produção tornou-se economicamente viável na cidade”, diz o chef paulistano Helton Costa, 47, proprietário do restaurante O Benedito Ristobaretto, localizado no Norte da Capital.
Graduado em gastronomia pelo Centro Universitário de São Pedro do Senac em São Paulo e pós-graduado pelo Atelier de La Rochelle, na França, afirma que as ostras catarinenses não perdem em nada para as ostras francesas, reconhecidas como sendo as melhores do mundo. “É claro que os europeus ainda estão à frente, porque na França eles cultivam ostras há mais de 50 anos, e aqui é um movimento recente. Mas quando se trata de qualidade, não ficamos atrás”, afirma o chef.
Ele explica ainda que a criatividade do brasileiro, e mais especificamente do catarinense, fez com que a ostra fosse adaptada a diferentes pratos. “Na França é considerado uma aberração não comer a ostra crua e viva, mas os franceses estão um pouco engessados. A ostra é um alimento muito versátil e o catarinense percebeu isso”, observa o especialista, que ressalta ainda os benefícios da ingestão do molusco. “É altamente saudável, tem baixa gordura e muitos nutrientes”, diz.
A convite do Plural Gastronomia, Helton Costa preparou um prato especial: risoto de ostras com champagne. Ele usou caldo de peixe e a própria água da ostra para o cozimento do arroz. “Também acrescentei um cálice de champagne, que faz toda a diferença. Outro segredo é colocar as ostras somente depois que o arroz estiver cozido: os moluscos vão cozinhar com o próprio calor e vão soltar mais o sabor nos grãos”, explica. Para acompanhamento, ostras in natura, com limão e pimenta a gosto. “Temperar a ostra crua só se for de preferência de quem a come. O sal do mar dá um ‘tempero natural’ a elas”, avisa o chef.
Nada de pérolas
Florianópolis sedia um evento para homenagear o molusco: a 16ª edição da Fenaostra (Festa Nacional da Ostra e Cultura Açoriana), que segue até o domingo na Capital. Com incentivo à produção maricultora e também como produto turístico, a Fenaostra já se consolidou como um dos maiores eventos gastronômicos de Florianópolis, que tem seus principais polos de produção localizados no Ribeirão da Ilha e Santo Antônio de Lisboa. Nesta edição, são 43 estandes com culinária e artesanato, e uma série de apresentações culturais integram a programação.
Leia na integra em Notícias do Dia Online, 18/09/2015
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