Em outubro do ano passado, ativistas invadiram o Instituto Royal, em São Roque (SP), para salvar beagles de um cenário de “pesadelo”, segundo se relatou. Foi lenha no debate cada vez mais aceso sobre o bem-estar dos bichos, que agora, em Miami, se volta ao comércio de animais domésticos. Na semana passada, comissários aprovaram uma moratória de seis meses para decidir se a venda deve ser banida, o que somaria Miami a outras mais de 30 cidades americanas com legislação semelhante.
Países como a Áustria e a Suíça também cortaram as asas das lojas. Em junho, o governo espanhol ensaiou resolução nesse sentido, e os vereadores de Fortaleza, aqui mesmo, no Brasil, seguem avaliando a proibição do comércio de cães, gatos e outros animais domésticos em pet shops. ONGs brasileiras vêm bolando projetos de lei e recolhendo assinaturas para atacar o que as entidades veem como um problema.
ANIMAIS NÃO EXISTEM PARA O PROVEITO
A proibição do comércio é encarada como um primeiro passo em uma perspectiva mais ampla, integrada também à Declaração de Cambridge, assinada em 2012 por diversos cientistas que atestaram que os animais têm consciência.
– Os animais não existem para o proveito do ser humano, eles têm os seus propósitos. Não são propriedade nem mercadoria. A questão tem menos a ver com o animal ser bem tratado. As discussões costumam ficar em torno disso, mas o principal é que o animal não existe para o uso – diz Lydvar Schulz, coordenador do grupo de libertação animal Onca.
Ao contrário do que se poderia pensar, as lojas não se opõem à adoção.
– A pet shop lucra tanto com a venda quanto com a adoção. O cachorro adotado consome ração, toma banho. Boa base do orçamento, é claro, vem da venda, mas a pet shop, em princípio, é a favor da adoção – diz Glaziete Pinto, vice-presidente da Associação Gaúcha de Pet Shops (Agapet).
(DC, 21/09/2014)
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