O primeiro painel do Projeto Viver SC, com foco em sustentabilidade, foi realizado ontem, em Criciúma, no Sul do Estado. A Associação Empresarial de Criciúma (ACIC) recebeu o público, que assistiu à discussão da advogada Rode Martins, especialista em direito ambiental e Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB-SC, e do biólogo Emerilson Emerin, especialista em laudos ambientais e sócio da Ambiens Consultoria Ambiental. A mediação foi do jornalista do Grupo RBS, Renato Igor.
Entre as questões locais debatidas estava o panorama da mineração carbonífera. O assunto foi apresentado pelo presidente do Sindicato da Indústria de Carvão, Ruy Hülse, que atua no ramo desde a década de 1950, quando o trabalho era feito manualmente e gerava impacto para o meio ambiente. Outro tema em pauta foi o entrave dos shoppings que tentam se instalar em Criciúma, mas enfrentam dificuldades com a legislação.
– Ninguém vai salvar o planeta usando menos roupa. Vamos salvar com novas tecnologias e carros consumindo menos combustível. O princípio da sustentabilidade está ligado à economia dos recursos naturais. Hoje um prédio sustentável vende porque o condomínio é barato, já que ele gasta menos água – destacou o painelista Emerin.
Confira ao lado outras questões que foram debatidas no Painel Viver SC.
(DC, 25/07/2014)
Para Emerin, o Brasil conta com uma legislação ambiental parecida com a da Suécia, mas com uma realidade similar à da Índia. Segundo ele, a legislação no exterior é mais pragmática e menos hipócrita. Para desenvolver atividades econômicas é necessária uma exploração que acarrete em impacto ambiental, que não significa dano. O biólogo explicou que a legislação daqui é uma das únicas que não tipifica dano e causa grande confusão entre impacto, dano e risco. O painelista apontou que o Novo Código Florestal tirou milhares de pessoas da ilegalidade que ele mesmo havia colocado em 1965.
(DC, 25/07/2014)
O biólogo Emerin apontou que o carvão é uma atividade impactante e precisava de um regramento. Ele existia, mas a aplicabilidade era muito reduzida. Há uma evolução nesse processo, apesar do declínio nas atividades de mineração. É evidente, também, que o processo terá cada vez mais novas tecnologias. Mas a maioria das empresas de cerâmica da região Sul, por exemplo, já contam com sistemas de gestão ambiental ISO 14000, que certifica boas práticas. Já a legislação não premia quem faz a mais, mas pune quem não faz.
(DC, 25/07/2014)
A Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB-SC, Rode Martins, disse que na medida em que a sociedade precisou de mais segurança jurídica, a legislação passou a ser mais regrada.
– O direito ambiental é bastante novo se comparado com outras matérias. Por ser novo, acaba por ter um conjunto de normas jurídicas provenientes de várias estruturas mistas do Estado, o que gera uma dificuldade de interpretação sobre qual é a norma aplicada. Há conceitos abertos. Dependemos de um agente público que deve fazer a interpretação adequada dos conceitos – explicou.
A advogada acredita que o problema é que esses conselhos violam o princípio da legalidade, que significam que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei, ou seja, não se pode atingir direitos, completar os vazios. É preciso amadurecer institucionalmente para saber quais são os limites e possibilidades. Na medida em que a sociedade reclama, principalmente o setor produtivo, o Estado precisa reagir, e ele o fará preenchendo os vazios na segurança jurídica.
(DC, 25/07/2014)
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