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Manezinho da Ilha, certificado de origem

(Por Norma Bruno*, DC, 23/03/2014)

Que ônibus pego para o Jardim da Paz, perguntei ao senhor de uniforme azul no terminal. Foi o que bastou: – Morreu alguém da sua família, foi? – Meu pai, há quatro anos. Hoje seria aniversário dele. Vou trocar as flores. – Tadinho. Meus pêsames, quirida, disse, apontando para o ônibus. Segurei o riso.

Pouco antes do cemitério, toquei a campainha, mas o motorista não parou. Protestei. O ônibus seguiu alguns metros até parar em frente ao portão.

– Vai lá, vai minha filha. Vai rezar pro teu paizinho. Era o seo Alcebíades, me olhando pelo espelho interno, aquele quirido.

É por essas e por outras que fico indignada quando dizem que as pessoas daqui são fechadas. O nativo autêntico, o mané com certificado de origem é dado, solícito, hospitaleiro. Neste tempo em que “manezinho da Ilha” virou grife e todo mundo se outorga o título de mané, é preciso prestar atenção: a pessoa pode saber falar “olhólhó!” e te chamar de “quirido”, comprovar que nasceu aqui, mas… fez doce ou arregô não é “legito”.

*ESCRITORA, “NATIVA CERTIFICADA, NASCIDA NO SACO DOS LIMÕES”

 

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