Há três meses, um projeto milionário apresentava a nova ponte sobre a Lagoa da Conceição. Com arquitetura arrojada, pista duplicada e investimento garantido pelo Ministério do Turismo. Seria construída para estancar os congestionamentos e melhorar a circulação da água – o que evitaria a proliferação de algas que exalam cheiro forte e ruim. Uma promessa. Mas sem data, nem garantia, de que será cumprida.
A nova ponte foi o último projeto apresentado pelo ex-prefeito de Florianópolis, Dário Berger – exatamente quatro dias antes do fim do mandato, no dia 27 de dezembro.
Com a troca de governo, não se falou mais no assunto. O atual secretário de Obras, João Amin, garante que está sendo realizada uma análise da viabilidade do empreendimento, tanto em relação ao projeto como quanto aos trâmites de liberação da verba, no governo federal.
— Quando assumimos, nós da secretaria ficamos bastante surpresos em saber que um projeto de tamanha envergadura havia sido apresentado à população. Até porque não se tem estudos ambientais ainda. A nossa intenção não é inviabilizar a obra, mas eu não posso falar em prazos — diz Amin, frisando que a prefeitura tem contrapartida de 4 a 5% do valor total, que chega a quase R$ 56 milhões.
Melhor para o meio ambiente
Dividida pela Avenida das Rendeiras, a lagoa se une num único ponto: é no vão da ponte que existe hoje que as águas da chamada lagoa pequena se juntam à parte que deságua no mar. É uma estrutura pequena, com cerca de dois metros de largura. Com isso, a vazão da água diminui e falta oxigenação, o que seria um dos motivos para a proliferação de algas. Na nova ponte, a passagem seria de cem metros.
Representante da Lagoa da Conceição no núcleo gestor do plano diretor de Florianópolis, Jeffrey Hoff, acredita que esse projeto ainda precisa ser discutido com a população. Segundo ele, nesses três meses, porém, a nova ponte não havia sequer sido avaliada pelo grupo.
— Eu achei até que esse projeto estivesse parado — comenta Hoff.
Iniciativa dos moradores
Para o presidente da associação de moradores do bairro, Acélio dos Passos, mesmo que o dinheiro para bancar a construção seja depositado na conta do município ainda nos próximos meses, é pouco provável que as obras se iniciem ainda neste ano. Isso em função dos estudos de impacto ambiental, que costumam levar um ano até a conclusão e encaminhamento para aprovação do Ibama.
Enquanto a promessa do poder público não se concretiza, Acélio dos Passos propõe ações de conscientização. Ele programa uma “canoata” nas margens da lagoa. A ideia é que os moradores percorram o trajeto de canoa e, durante o percurso, façam a limpeza e coleta de lixo dos locais por onde passarem. Um caderno educativo, sobre a rede coletora de esgoto, também está nos planos da associação.
— A proliferação das algas também é culpa da carga orgânica que é despejada na lagoa, ou seja, também é culpa dos moradores. Então temos que fazer a nossa parte — conclui Acélio dos Passos.
(Hora de Santa Catarina, 16/04/2013)