Prejuízo com vazamento de óleo no Sul da Ilha será levado à Celesc
Será entregue hoje um relatório às Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) com o valor das perdas pedido pelos maricultores. A produção e extração de moluscos parou com o embargo de 730 hectares pela Fundação Estadual de Meio Ambiente há quase um mês por causa do vazamento de óleo ascarel, na Tapera.
Nos números repassados pelos produtores, estão no mar e podem ser perdidos 383.613 dúzias de ostras, 665.924 quilos de mariscos e 95 dúzias de vieiras. A perda financeira é de pelo menos R$ 4 milhões. Na lista que será entregue pela Secretaria de Agricultura e Pesca devem também ser revistos os valores dos produtos, já que maricultores comercializam a produção por preços diferentes.
A quantidade também poderá ser revista com o levantamento feito pelos técnicos durante esta semana.
A expectativa do secretário João Rodrigues é entregar ao presidente da Celesc os valores até o fim da tarde de hoje. Assim, fará uma conferência dos números e depois a companhia irá fazer o repasse dos recursos. A previsão, segundo o secretário, é de que haja a indenização até o dia 15.
A discussão entre maricultores e companhia será pelo tempo de indenização, já que não se trata apenas da produção embaixo d’água. Por causa do embargo, os produtores também tiveram que adiar a semeadura para a próxima safra. A Secretaria da Agricultura vai tentar reaver o valor perdido por um ano de produção.
Durante a reunião ontem na secretaria, houve consenso sobre o valor dos produtos. Os maricultores aceitaram fazer uma média entre os preços por eles comercializados, que não foi divulgado, e o preço médio de mercado de R$ 7,42 para a dúzia da ostra, R$ 1,64 pelo quilo de marisco e R$ 41,50 a dúzia de vieiras, segundo dados da Epagri de Santa Catarina.
Segundo João Rodrigues, os valores repassados pelos produtores será avaliado pela secretaria para depois enviar à Celesc. Mesmo assim, garantiu que nenhum maricultor sairá sem receber. Ainda não entrou neste cálculo o valor perdido pelos coletores de berbigões. A quantidade será fechada hoje.
O compromisso, não oficial, de que a Celesc poderá indenizar os produtores foi anunciado em reunião na segunda-feira entre a Secretaria de Agricultura e Pesca e Fundação do Meio Ambiente. Os maricultores não contentes com os valores publicados, poderão recorrer à Justiça. Até as 21h, não foi possível contato com representantes da Celesc sobre a indenização.
(Por Gisele Krama DC, 07/02/2013)
Os maricultores mais prejudicados são os que produzem ostras e mariscos na área de 730 hectares de mar entre a Praia da Mutuca, na Tapera, e a Freguesia do Ribeirão da Ilha – em frente a igreja. Lá, ainda é proibido pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) extrair os moluscos, ao contrário dos outros balneários da Grande Florianópolis.
São 28 fazendas de ostras interditadas, o que corresponde a 30% do cultivo no Ribeirão da Ilha. É justamente na área embargada que ficam os pequenos produtores.
O maricultor Diogo Marcelo dos Santos, 26 anos, no ano passado começou a produzir ostras no Ribeirão da Ilha, no Sul da Capital, após conseguir juntar dinheiro trabalhando em outras fazendas da região.
Ele está preocupado em como conseguirá manter a família. Se não receber a indenização da Celesc, terá de pedir ajuda aos amigos para pagar o próximo aluguel da casa em que mora. Na manhã de ontem, Santos se reuniu com os outros produtores e os advogados que atendem o grupo para contabilizar o prejuízo.
No mar do Ribeirão, estão 44 mil ostras e seis mil quilos de mariscos que Santos semeou em 2012. Como está proibida a extração, ele não pode nem limpar as lanternas onde ficam as ostras, à mercê de predadores, como o caramujo, e competidores de alimentos, entre eles as algas, que impedem o desenvolvimento do molusco. O maricultor calculou ter deixado de lucrar R$ 90 mil e espera ser ressarcido. É com esse dinheiro que Santos planejava manter a família. A maior parte da produção é vendida na porta de casa para turistas.
– Tive azar este ano. Investi em sementes, lanternas, berçários e um barco. Agora não posso extrair as ostras. Não dá para mexer em nada no mar, elas crescem e arrebentam toda a rede. E estou perdendo meu material de trabalho – diz Santos.
Sem poder extrair os moluscos, o maricultor pensa em buscar outros trabalhos temporários para sobreviver, como roçar quintal. Para comer, Santos pesca na região proibida.
No domingo, completa um mês da proibição da extração de moluscos depois que foi detectada a presença da substância cancerígena ascarel no canal que sai da subestação desativada da Celesc, após vazamento do produto em novembro de 2012.
(DC, 07/02/2013)
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