Falta de água faz com que população tenha que comprar caminhões-pipa em bairro da Capital

Empresas que vendem água potável em caminhões-pipa estão lucrando com a falta de água em algumas regiões da Capital. Neste fim de semana, o bairro Sambaqui, Norte da Ilha, continuava sem o abastecimento da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento). Nessa rotina durante quase um mês, condomínios e restaurantes precisam comprar água para garantir o funcionamento. Na tarde de domingo, a J Carlo Transporte de Água Potável, empresa de Palhoça, vendia no bairro um caminhão-pipa com 20 mil litros de água retirada de poço artesiano por até R$ 1.300.
Segundo Marcelino Dutra, diretor da regional Florianópolis da Casan, afirmou que para essas situações a companhia disponibiliza caminhões-pipa. “É feita uma avaliação assim que o pedido é feito e o caminhão tem transitado na região. Mas desconheço a informação de que pessoas estão comprando água”, comentou.
“Na sexta-feira fechamos, porque estávamos há três dias sem água da Casan e acabou o que tinha no reservatório. Tive que comprar dois caminhões, um na sexta e outro no sábado. Acredito que o prejuízo total deve ter ficado em R$ 3.000”, contou o dono do restaurante Posto da Alfândega, Júlio César Pires. Ele pagou R$ 700 em cada caminhão, mas o condomínio vizinho, Moradas do Sambaqui, que também fica na Ponta do Sambaqui, teve maiores perdas desde o começo do verão.
De acordo com o zelador Valdeli Bueno, a compra de água chega a três caminhões por dia. “Eles cobram R$ 800 cada um. Nós tiramos água do morro também, mas não dá conta. São 50 pessoas que vivem aqui e temos reservatório de 65 mil litros”, explicou. Bueno informou que o condomínio já ficou uma semana inteira sem água da Casan em dezembro e que quando a água chega, dura apenas três horas. “Ligamos várias vezes para a Casan e eles dizem que os reservatórios estão secando. Esse ano está pior”, completou.
“É um dos piores anos”
A casa de Luiz Carlos Costa, na travessa Jandira Pires da Cunha, no Sambaqui, também está sem água há um mês. A família de oito pessoas, com duas crianças e uma idosa, recebeu apenas um caminhão pipa da Casan nesse período, no dia 20 de dezembro. Com o problema, eles entraram na mata e cavaram um poço artesiano. “A água veio só duas vezes nesse mês. Nem deu para encher a caixa. A saída foi pegar água do morro. Levamos um cano lá para o meio do mato. E, mesmo assim, ainda não dá conta”, afirmou.
Todos os anos a família enfrenta a mesma situação. Mas, para Costa, esse é um dos piores anos. “E a minha fatura do mês anterior teve diminuição no consumo. Não consigo entender. A Casan não está dando conta de atender a população”, disse, olhando para o reservatório de 10 mil litros com o neto Thiago no colo.
Casan: mananciais baixos
Em reportagem do Notícias do Dia sobre a falta de água, em dezembro, a Casan afirmava que a combinação da escassez de chuvas com as altas temperaturas provocaram o excesso do consumo, baixando substancialmente os níveis dos mananciais de captação de água em toda a região. O manancial de Pilões, principal fonte de fornecimento de água para abastecimento dos municípios de Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu e Santo Amaro da Imperatriz, está com o nível baixo.
A Casan havia anunciado que a partir do dia 23 de dezembro faria um esquema emergencial de verão, acionando as captações auxiliares já implantadas no Norte da Ilha. Segundo Marcelino Dutra, diretor da regional Florianópolis, a ação implantada diminuiu os problemas na região de Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. “Mas esse ano percebemos um aumento no número de pessoas que vieram passar o verão nesses locais e também acontecem mais quedas de energia, dificultando o nosso sistema de bombeamento para essas regiões altas. Com isso, o abastecimento ficou mesmo prejudicado”, avaliou.
(ND, 07/01/2013)