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Ciclistas: devagar no pedal

Artigo escrito por Urbano Maya Salles – JORNALISTA FORMADO PELA UFSC (DC, 13/10/2012)
Virou clichê na campanha eleitoral prometer ciclovias. Como melhorar a mobilidade urbana? Resposta-padrão: Deixa o carro na garagem e vai pedalar!. Doce ilusão, alimentada por ONGs moderninhas ligadas ao comércio de bikes e pelo lobby dos cicloativistas.
Nos últimos anos, esse lucrativo occupy do asfalto gritou e esperneou por espaço cativo nas ruas e avenidas de Florianópolis. Fracassaram no intuito e, logo de cara, deram mau exemplo: a ciclofaixa da Agronômica, na Rua Frei Caneca, experiência pioneira e isolada do gênero no Centro, é subutilizada e quase todos que a usam circulam na contramão. Além de atrapalhar a fluidez do trânsito, não há segurança e conforto ao pedestre. Em vários trechos, a calçada, projetada no século passado, é mais estreita do que a ciclofaixa.
Ciclistas cometem infrações a todo momento, mas parecem ser inimputáveis. Não frequentam autoescola e não pagam multas. Não são, sequer, alvo de campanhas educativas. Estimula-se o uso da bicicleta em meio ao trânsito pesado, mas o respeito dos ciclistas à lei nunca é cobrado pelas autoridades. No guia Nova York é Aqui (1997), Nelson Motta já alertava: “Cuidado com os ciclistas assassinos. Eles pedalam em alta velocidade e não respeitam sinais fechados”.
A impunidade gozada pelos ciclistas torna o trânsito muito mais perigoso e cria mártires eternizados nas bicicletas-fantasmas. Vidas estão em risco quando se insiste em ciclovias a qualquer custo, inclusive financeiro, nos casos onde as desapropriações são inevitáveis.
Uma coisa é defender a implantação de ciclovias bem projetadas como a da Beira-Mar. Nessas estou dentro, até porque pedalar faz bem à saúde. Outra coisa é tentar impor na marra um transporte perigoso em rodovias movimentadas e vias estranguladas por onde passam 99% das pessoas em ônibus, motos e carros. Nós somos a maioria.

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4 Comentários

  1. Francisco disse:

    Você chama pedalar de “transporte perigoso”? Grande equívoco.
    Perigoso é andar em vias mal planejadas, como bem mencionou e principalmente por meio de condutores de automóveis que não reconhecem os ciclistas como atores fundamentais no transporte urbano, pois sim cada ciclista é um carro potencial a menos nas ruas da cidade.
    Mas é claro, se faz muito necessária a educação no trânsito para isso, digo motoristas, pedestres e ciclistas.
    Pois o trânsito esta cada vez mais insano, com pessoas despreparadas para conduzir um carro. Como bem descreve este artigo.
    http://mdemulher.abril.com.br/bem-estar/reportagem/viver-bem/somos-tao-selvagens-transito-625819.shtml

  2. Felipe disse:

    Caro Urbano,
    Argumentos rasos como os seus culpabilizando a vitima são de total ignorância e “insensibilidade”, te pergunto, tão friamente quanto o seu artigo: quantas pessoas próximas à você morreram em acidentes de carro e quantas morreram em acidentes causados pelos “ciclistas assassinos”?? Acredito que a primeira alternativa seja mais razoável, não?
    A questão não é tão simples como colocada por você, a cidade é mal planejada e tem no seu cerne, assim como toda a capital brasileira urbana, a priorização do automóvel em todo seu planejamento, sustentando o mercado automobilístico muito mais sedutor pra uma sociedade capitalista retrógrada que se diz moderna, do que o transporte sustentável representado pelas bicicletas e ônibus. A cidade de Florianópolis não contempla nem minimamente as duas alternativas citadas anteriormente, o transporte coletivo é caótico, precário e caríssimo, e as bicicletas não tem sequer seu espaço delimitado, tendo que disputá-lo com carros, muito menos uma “auto-escola” para ciclistas, já que, sejamos sensatos, como penalizar ciclistas pelos acidentes ocorridos se nem um espaço digno lhes é garantido com mínimo de segurança?
    O pedido por ciclovias decentes não é recentes e muito menos reivindicado “na marra” como você diz, muito pelo contrário, alguns dos vereadores eleitos tem projetos concretos e que garantem segurança para ambas as partes ciclistas e motoristas. Porém, acredito que essa educação e conscientização deva ser realizada tanto por usuários de bicicletas (com concretização de um planejamento decente de mobilidade) quanto (e pela sua opinião, principalmente) por pessoas como você, que desconhecem o debate que reivindica ciclovias, e passa com seu carro por cima do direito de ir vir.

  3. Alexandre disse:

    melhorar mobilidade com bicicleta é ilusão -> cita exemplo de ciclovia subutilizada -> ciclistas não são punidos -> quanto mais ciclistas mais o transito ficará perigoso -> somente ciclovias bem projetadas devem ser defendidas
    um show de raciocínio lógico!

  4. felipe disse:

    realmente existem grupos que lucram com ativismos, nem por isso quem usa a bicicleta deve pagar pelos maus. da mesma forma que dizem que o transito é violento e que as armas matam, dizem que pedalar no transito é perigoso. deviam tomar vergonha na cara e espalhar a boa educação das pessoas. a escolha da maneira de se locomover cabe a cada um, e com o direito de ir e vir, não é correto querer limitar a area das bicicletas também. até porque muita gente tenta menospresar ou marginalizar a bicicleta, como nessa reportagenzinha, só para lucrar de alguma maneira, assim como os falsos ativistas da bike.para os que pensam que bicicleta é uma ou outra por ai, digi para alugar uma, e andar pela cidade, ainda no horário das 6 ás 8. muitos tem optado pela bicicleta depois de ver que o transito aqui está ridiculo, até mesmo pessoas endinheiradas ou com ótima imagem e reputação na sociedade, ja que para muitos bike é só para pobre. mas creio que continuará como está. transito ruim, pessoas mal educadas, cada um por si, e reportagens idiotas como essa.

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