SC: a preservação e a improvisação

(Da Coluna de Moacir Pereira, DC, 08/06/2012)
As três maiores cidades de Santa Catarina enfrentam hoje problemas comuns inerentes ao crescimento. O principal continua sendo o da mobilidade urbana. Congestionamentos são comuns nas três.
Mas há diferenças entre Joinville, Florianópolis e Blumenau, que implicam na perda ou manutenção da qualidade de vida. O planejamento é a mais importante.
Entre as três cidades é na capital que a situação revela-se mais gritante e grave. A imobilidade agrava-se a cada dia, com o ingresso mensal de mais de 3 mil veículos. Nesse ritmo vai faltar até espaço físico, pois a ilha tem limitações geográficas. Numa rua estreita onde há 10 ou 20 anos existiam algumas casas unifamiliares hoje acumulam-se vários edifícios com 12 andares e até 92 apartamentos. Alguns deles com conforto comunitário equivalente a condomínios de luxo. Mas inseridos em sistema viário caótico.
O prefeito Dário Berger alvejou na campanha do primeiro mandato duas medidas para melhorar a vida dos ilhéus: o novo Plano Diretor e a abertura da caixa preta do transporte coletivo. Venceu Angela Amin na primeira eleição, derrotou Esperidião Amin na segunda e vai entregar o bastão sem ter cumprido as duas promessas.
Um plano diretor superado e a inexistência de mecanismos de controle social e comunitário colocaram Florianópolis no centro do casuísmo urbano. Gabaritos foram alterados na calada da noite, mudanças na legislação fruto de jogadas politicas e eleitoreiras.
Por que, afinal, a Capital não segue os modelos de Joinville e Blumenau. Ambas possuem o Conselho da Cidade que aprova ou rejeita todas as propostas de alteração do plano diretor.
O prefeito João Paulo Kleinubing dá explicações objetivas sempre que é ouvido sobre as exuberantes áreas verdes, com mata atlântica nativa, bem próximas do centro histórico e na maioria dos bairros. Em Blumenau, quem decide é o Conselho da Cidade. Está acima do prefeito e dos vereadores, que dependem do colegiado para qualquer modificação em gabaritos, zoneamento e normas da legislação urbana. Metade de sua composição é do governo e os outros 50% da comunidade.
Com aval deste colegiado, a Prefeitura realiza hoje gigantesca obra para mudar o eixo do desenvolvimento: o Complexo Viário do Badenfurt. Compreende uma ponte com 360 metros, que custará 32 milhões de reais. Em execução, é a mais monumental obra de arte municipal do Estado. Vai criar nova opção de desenvolvimento no oeste da cidade e reduzirá em 30 minutos a ligação entre o trevo de Pomerode e o centro de Blumenau. Ideia lançada em 1963 que ganhou corpo com planejamento racional. O complexo inclui um viaduto de 80 metros e seus acessos. Projeto iniciado em janeiro de 2011 e que deve ser concluído no fim do ano.
Blumenau e Joinville crescem com planejamento. Florianópolis se expande com improvisação e casuísmo.