Shoppings e outros empreendimentos transformam lixo em instrumentos de aprendizagem, biodiesel e outros materiais
A nova lei que define normas para a destinação adequada do lixo punindo com multa quem não aderir à separação de resíduos pode ter pego de surpresa os desavisados, ainda desacostumados em separar esse material em casa. No entanto, muitas empresas já tomam há algum tempo iniciativas que defendem o meio ambiente da sujeira produzida todos os dias por seus clientes e funcionários. Ideias que servem de exemplo para quem ainda não se adaptou aos novos tempos, onde proteger o planeta é cada vez mais prioridade.
Um exemplo ocorre no Floripa Shopping, onde são recolhidos de dez a 12 toneladas de lixo seco por mês. A destinação obedece a um esquema organizado, que conta com a participação de algumas empresas especializadas no setor. O sistema de gestão ambiental foi montado um ano após a inauguração do Shopping. Pilhas e baterias seguem para uma indústria de Blumenau, onde são tratadas e desintoxicadas, antes de seguirem para o aterro sanitário. Em dois anos, o Floripa arrecadou cerca de uma tonelada desse material.
Os 800 litros de óleo de cozinha produzidos por mês na praça de alimentação são transformados em biodiesel. O resíduo é recolhido por uma empresa do interior do Estado que executa a operação, o que evita contaminações no ambiente. O mesmo ocorre com as lâmpadas, que seguem para outra empresa especialista no assunto. “Elas passam por uma limpeza para retirada do material tóxico antes de se reaproveitar o vidro e o metal”, explica Joseane Ferrarezi, chefe ambiental do Floripa Shopping.
Lixo eletrônico vira ferramenta de educação
No shopping Iguatemi, um projeto em parceria com o Comitê para Democratização da Informática transforma todo o lixo eletrônico recolhido em computadores para os 23 centros de aprendizagem implantados nas comunidades. O material que não pode ser reaproveitado é levado para empresas que utilizam como matéria-prima para outros produtos. Para Aléssio Bergonzi, gerente geral do Iguatemi, garantir que os usuários de eletrônicos tenham local para se desfazer do que não usam mais permite fechar o ciclo que começa na venda e termina na reciclagem. A caixa coletora do lixo eletrônico no shopping fica no aquário do primeiro piso da garagem, ao lado do guichê do estacionamento.
No shopping Beiramar, o lixo passa por uma triagem a partir das lojas, que separam entre papel, papelão e sacos plásticos. “Os clientes têm um importante papel neste processo quando utilizam as lixeiras seletivas”, explica o gerente de operações, Fritz Göhring. Os resíduos recicláveis são recolhidos por uma empresa contratada. O lixo eletrônico segue para escolas técnicas ou programas de inclusão digital. O óleo de cozinha também é transformado em biodiesel, iniciativa em que a direção do Shopping se considera pioneira na cidade.
Gestão ambiental faz escola e rende prêmios
O Shopping Itaguaçu também segue bons exemplos. Todo mês, cerca de 60 toneladas de lixo são destinados a uma central de reciclagem de resíduos. A maior parte – 40 toneladas – são substâncias orgânicas, levadas direto para o aterro de Biguaçu. O resto é separado em óleo de cozinha, papelão, papel misto, plásticos, alumínio e vidro, cada um com um destino diferente.
Apesar de não produzir tantos resíduos quanto um shopping, a Back Vigilância também se antecipou na tarefa de dar destino adequado ao seu lixo. Por meio da concientização dos seus funcionários, o programa economiza luz, água e reduz a utilização de papel. As ações renderam um certificado ambiental ISO 14001. A intenção é de que em 2011 todas as 11 unidades da empresa estejam adequadas à nova lei.
“A idéia é adotar atitudes capazes de mudar o comportamento das pessoas”, explica Raphael Bitencourt, responsável pela implantação da gestão ambiental na Back.
(Róbinson Gambôa, ND, 12/01/2011)
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