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Diálogos com a cidade: Movimento em defesa da Baía Norte

Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 27/11/2010)

Democraticamente, como deve ser, abrimos espaço neste fim de semana para um representante do Movimento em Defesa da Baía Norte, o advogado Eduardo Bastos Moreira Lima, que apresenta as razões que levaram a organização não-governamental a posicionar-se contrariamente à implantação do estaleiro da OSX em Biguaçu.

Notícias do Dia – O Movimento em Defesa das Baías se julga vencedor no caso do estaleiro da OSX?

Eduardo Bastos Moreira Lima – O Movimento foi criado para promover um debate sobre o empreendimento, por conta do impacto e condução do mesmo. O resultado extra-oficial não pode ser comemorado, até porque, não houve vitória. O que se pretendeu, e continuará sendo buscado, é a implantação de um empreendimento inserido no contexto e que considere inúmeros vetores – e não apenas o interesse econômico de determinados setores.

ND – Vocês foram acusados, por alguns setores, de praticarem o chamado ecoterrorismo…

Eduardo – Os defensores do empreendimento usam esse tipo de adjetivo para desqualificar, mas não se manifestam sobre atos de poder, a exoneração de servidores públicos no exercício de suas funções, pressões de toda monta, estudo ambiental omisso. Portanto, se alguns buscam informações que não as fornecidas pela principal interessada (a empresa), isso é ecoterrorismo; quem as omite pratica o quê, além de crime contra administração ambiental?

ND – A defesa do meio ambiente implica em atitudes mais radicais, de enfrentamento mesmo?

Eduardo – Não creio que radicalismo seja algo positivo. Questionar de forma embasada o procedimento licenciatório e, de forma técnica, os estudos desenvolvidos – através da junção de saberes diversos, respeitando a opinião de diversos setores –, não é radicalismo, é exercício da cidadania.

ND –Vocês participam também do movimento contra a fosfateira em Anitápolis?

Eduardo – Falo como advogado da entidade que moveu a ação civil pública, que resultou na suspensão judicial da licença ambiental prévia concedida pela Fatma. Lá como cá, a omissão dos estudos e a pressão para licenciar poderiam ter resultados adversos à sociedade. Já são sete os municípios que ingressaram na ação, além de entidades empresariais.

ND – Qual a discussão fundamental sobre a fosfateira?

Eduardo – Implantar ou não em bioma de Mata Atlântica, berço de nascentes que abastecem a população, uma mineração associada à implantação de uma fábrica de ácido sulfúrico. É economicamente obter a seguinte resposta: o que vale mais hoje e o que terá mais valor no futuro? Água ou fosfato?

Gregos e troianos
Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião (ND, 29/11/2010)

A turma não é fácil. No dia 20 de novembro, publicamos aqui uma mini-entrevista com o empresário Ernesto São Thiago, que fez considerações sobre o Estaleiro da OSX. Ernesto integrou o grupo que lutou pelo empreendimento. No fim de semana passado, cedemos espaço para o advogado Eduardo Lima, que apresentou as razões do Movimento em Defesa das Baías de Florianópolis (texto acima). Tanto num, quanto noutro caso, a coluna foi malhada por leitores – através de e-mails, twitter e do blog – insatisfeitos com a publicação das entrevistas. Gente: jornalismo é uma via de mão dupla, tem que dar voz aos dois lados. Não adianta espernear. Ou, melhor, adianta, desde que se tenha uma atitude de respeito com o chamado contraditório.

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