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09/11/2010
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10/11/2010

Editorial do Diário Catarinense (10/11/2010)
Os dados preliminares do Censo 2010 comprovam, com a eloquência fria das estatísticas, que a população de Florianópolis registrou crescimento de 18,08% no período, passando de 342.315 moradores para 404.224. O aumento representa quase o dobro da média nacional, que ficou em 9,4%. Não surpreende, eis que qualquer residente da Capital percebe, “a olho nu”, nas ruas, este crescimento acelerado, e confere seus efeitos na queda na qualidade dos serviços e equipamento urbanos, principalmente na progressiva falta de mobilidade na cidade e seu entorno. Florianópolis foi a que registrou o maior incremento demográfico entre as capitais sulinas, e ficou em 10º lugar entre as capitais que mais cresceram no país.
Também outras cidades de Santa Catarina tiveram, nos últimos 10 anos, crescimentos populacionais expressivos e bem acima da média nacional, como Joinville (18,54%), Chapecó (24%), São José (16%) e Palhoça, esta com a “explosiva” marca de 32,09% de incremento. Mas não é só: Estado afora, dezenas de outras cidades, inclusive comunidades de pequeno porte e economia incipiente, seguiram a mesma trilha e surpreenderam com o crescimento de suas populações.
No que se refere à Capital e seu entorno, as principais causas do incremento, segundo o professor Hoyêdo Nunes Lins, do Departamento de Economia da UFSC, foram dois distintos movimentos migratórios: o de jovens, que saem do interior em busca de melhores oportunidades de estudo e de trabalho; e o de moradores de outros estados – destacando-se os do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo –, que aqui se fixam atraídos pela tão propalada – mas, hoje, ilusória – qualidade de vida de Florianópolis. De fato, nesses anos recentes, multiplicaram-se os problemas que atormentam o cotidiano dos moradores da Capital, e são tantos que é difícil relacioná-los todos. Os permanentes e quilométricos congestionamentos de trânsito se destacam. À lista dos tormentos urbanos, acrescente-se, enre outros, a decrepitude e ineficiência do sistema de transporte público; a violência e a criminalidade à solta nas ruas, desprovidas de policiamento à altura; a precariedade de serviços públicos essenciais, como os de coleta de lixo, abastecimento de água e energia elétrica etc.
Entretanto, como lembra o arquiteto e urbanista Jaime Lerner – que já foi prefeito de Curitiba e governador do Paraná –, talvez o maior “especialista em cidades” do país, as urbes não devem ser encaradas como problemas, mas como soluções, porque elas são a síntese da convivência das culturas e das atividades humanas contemporâneas. O que existe, segundo ele, é uma boa ou uma má concepção de uma cidade, um bom ou um mau planejamento, uma boa ou má decisão política. Neste contexto, os primeiros passos seriam redefinir com rigor a correta ocupação dos espaços urbanos, estabelecer e fazer cumprir regras severas para a circulação de veículos e implantar alternativas seguras, atraentes e econômicas para o transporte público, desestimulando o transporte individual automotor. Para começo de conversa. Lerner garante ser possível recuperar a qualidade de vida de um cenário urbano em poucos anos, independente do número de moradores: “Há cidades de 100 mil habitantes que são terríveis, e cidades de 6 milhões que são boas cidades para viver.” O problema de Florianópolis não é a quantidade de habitantes, mas a ausência de um novo olhar sobre ela, de “bom planejamento” e “boa decisão política”. Vamos a eles.

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