Florianópolis a caminho do BRT. Este é o tema do encontro, hoje à tarde, entre técnicos do escritório do arquiteto Jaime Lerner e representantes da prefeitura e entidades florianopolitanas. No foco, o Bus Rapid Transit (BRT), sistema de transporte coletivo expresso igual ao de Curitiba, que inclui obras viárias e mudanças no tráfego urbano como a circulação dos coletivos em corredores exclusivos e o aumento médio da velocidade.
O encontro vai acontecer às 14h30min no auditório da Câmara de Diretores Lojistas de Florianópolis. Estão convidados representantes de secretarias municipais, comércio, empresários e trabalhadores de transporte urbano, construção civil e vereadores.
Cinco anos se passaram desde que, em 2005, técnicos da equipe do escritório de Jaime Lerner estiveram em Florianópolis implantando o sistema da tarifa única, que na prática não existe. Agora, eles vão apresentar a evolução do sistema BRT no mundo e explicar como Curitiba tornou-se modelo em mobilidade urbana, cidade que adotou o plano há 30 anos. Recife também aderiu ao BRT. Na América do Sul, países como Chile e Colômbia já implantaram o sistema.
– Fomos procurados pelo vice-prefeito João Batista Nunes, com quem já nos reunimos algumas vezes e, agora, chegou a hora de levar a proposta para alguns segmentos de Florianópolis – diz Fric Kerin, economista que há 30 anos faz parte da equipe Lerner.
Conforme o técnico, não existe um projeto pronto para Florianópolis:
– Isso será feito posteriormente, inclusive porque nestes últimos cinco anos a cidade sofreu muitas mudanças. Agora, nosso objetivo é mostrar a viabilidade do sistema e seu funcionamento em cidades modernas.
Para o vice-prefeito João Batista Nunes, a experiência da equipe de Jaime Lerner vai ajudar a cidade a fazer a sua mudança cultural com relação ao sistema de transportes. Nunes explica que o BRT não trata apenas de ônibus em via exclusiva, mas de um conjunto de exigências como calçadas, parques, ciclovias que proporcionam a humanização do sistema. Existem cerca de 160 sistemas BRT operando ou em construção em 23 países dos cinco continentes. Projetos como estes, explica Nunes, levam em conta as características de cada cidade:
– Uma das grandes vantagens é a possibilidade de integração com os demais tipos de mobilidade, como o transporte marítimo.
Estarão em Florianópolis quatro técnicos da equipe Lerner. O custo da elaboração do projeto é de R$ 570 mil. Para a implantação do sistema, que terá o valor calculado de acordo com a finalização do projeto, a prefeitura deve buscar recursos no Ministério dos Transportes.
(Por Ângela Bastos, DC, 22/04/2010)
Mais sobre o BRT
– O que é: sigla em inglês que significa Bus Rapid Transit e se refere a um sistema de transporte urbano expresso implantado em várias cidades do mundo.
– Custo: mais econômico se levado em conta a média de R$ 111 milhões a cada 10 quilômetros, comparada às outras modalidades de transporte como o Veículo Leve Sobre o Trilho (VLT), que custa R$ 404 milhões, ou o metrô, que exige investimentos de R$ 2 bilhões.
– Espaço: implantação do sistema prioriza as pessoas, as calçadas, parques e as ciclovias da cidade.
– Vantagens: aumenta o número de passageiros que são transportados com mais velocidade, reduz a frota de veículos em circulação e beneficia o meio ambiente porque diminui as emissões de gases poluentes.
Fonte: Volvo Bus Latin América (DC)
TRANSPORTE COLETIVO: Eficiente, prático e econômico
A Copa do Mundo no Brasil, em 2014, incentiva projetos de BRTs pelas 12 cidades escolhidas como sedes. O governo federal promete investir R$ 11 bilhões para o financiamento de 47 projetos ligados ao transporte coletivo urbano, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Mobilidade Urbana. Florianópolis não é uma cidade-sede da Copa, mas tem interesse na implantação do sistema.
Das 12 cidades que sediarão o mundial, nove já optaram pelo sistema de transporte rápido por ônibus. Serão construídas 20 BRTs sendo, seis em Belo Horizonte (MG), quatro em Fortaleza (CE), duas em Manaus (AM), Recife (PE), Porto Alegre (RS), e Cuiabá (MT), uma no Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Salvador (BA).
Com corredores exclusivos para ônibus, os BRTs são considerados uma solução prática, eficiente e econômica que não exclui a possibilidade de que grandes centros tenham serviços considerados eficientes como os metroferroviários. O prazo para a implantação do sistema é de 24 a 36 meses.
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda formas para facilitar o acesso ao crédito para as cidades interessadas no sistema como o alongamento do prazo de financiamento, facilitando a capacitação de recursos pelo setor de transporte.
Média de 43 mil passageiros por hora
O prazo de financiamento, que antes era de 10 anos, subiu para 15. O banco avalia a possibilidade de esticar o tempo para 30 anos e destinar o recurso para melhorar a infraestrutura e a inovação das cidades.
A capacidade média é para transportar 43 mil passageiros por hora. Em média, um ônibus que leva 300 passageiros, com intervalo de tempo de um minuto entre cada um, conduz 18 mil pessoas por hora.
Um estudo realizado pela equipe Lerner estabeleceu uma avaliação comparativa entre sistemas nas cidades brasileiras. A perspectiva é de que dentro de cinco anos aumente de 40 para 50 ou 60 as cidades com populações maiores que meio milhão. Florianópolis está na lista. Em 10 anos, esse número poderá passar para 80 – e com cada vez mais gente na faixa etária adulta, optando pelo uso do transporte individual, o que estrangularia a malha viária urbana. As cidades ficarão maiores e mais congestionadas. E as frotas de ônibus convencionais serão forçadas a andar com velocidades cada vez menores.
O estudo também realizou uma análise comparativa entre as modalidades de transporte público urbano (metrô, Veículo Leve Sobre o Trilho, BRT e ônibus), que revelou a alta capacidade de transporte de passageiros/hora dos BRTs em relação aos outros modos de transporte.
(DC, 22/04/2010)