Metrô de superfície é visto como uma das soluções para melhorar o trânsito pelos próximos 30 anos
Diário Catarinense – Você é só um sonho?
Metrô de Superfície – Mais ou menos.
DC – Como assim? Você pode se tornar realidade?
Metrô – Foi lançado um edital em dezembro de 2009. A Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis está fazendo a análise técnica das propostas apresentadas por quatro consórcios de empresas. Alías, o secretário Valter Gallina me prometeu que assina a ordem de serviço hoje, dia de aniversário da cidade. Daí já começo a deixar de ser um sonho, né!
DC – E quando é que você sai do papel, então?
Metrô – A previsão é de seis meses para fazer os estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica e seis meses para o projeto mesmo. Os estudos vão dizer por onde eu posso passar e o que tem que ser feito de alteração no trânsito para isso, quantas áreas teriam que ser desapropriadas, os tipos de licenciamento, quais órgãos ambientais precisam aprovar, essas coisas. E a viabilidade econômica, que vai apontar se sou viável financeiramente. Porque de nada adianta eu passar bonitinho por aí e custar R$ 10 a passagem.
DC – Quer dizer que você pode não sair?
Metrô – Tem esse risco. Se o estudo disser que a Grande Florianópolis não me comporta ou que tecnicamente a implantação seria complicada, e isso se refletiria no meu custo, daí eu nunca vou existir. Mas os técnicos da secretaria não acreditam nisso.
DC – E a Grande Florianópolis realmente comporta um metrô?
Metrô – Não comporta. Mas eu não sou exatamente um metrô. Sou chamado de “metrô leve”, porque tenho uma estrutura menor e mais maleável. Os meus pontos não são muito diferentes dos de um ponto de ônibus. Um metrô carrega pelo menos 40 mil pessoas por hora e tem as estações bem espaçadas. Nas horas de pico, chega a levar 80 mil pessoas por hora. Esse modelo realmente não nos serve. Eu carrego entre 15 mil e 30 mil pessoas por hora e me integro com alguma facilidade às vias públicas que existem. Para comparar, um ônibus normal leva umas 5 mil pessoas por hora.
DC – Tá, mas não tem um prazo mais definido?
Metrô – Depois de pronto o projeto, é só começar as obras. O tipo de metrô escolhido é que vai determinar quanto tempo demora. A Secretaria Regional trabalha com um prazo de 20 meses.
DC – Por onde você vai passar?
Metrô – Este é outro ponto que ainda não está definido. Mas existe uma ideia básica de que eu devo sair do Mercado Público, atravessar a Ponte Hercílio Luz e ir até Barreiros, em São José. Quando eu digo básica, é básica mesmo. Tudo isso depende dos estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica. Por exemplo, posso ser construído na Beira-Mar, ligando o Continente ao Bairro Trindade.
DC – Quando você estiver funcionando, vai esvaziar os ônibus?
Metrô – De jeito nenhum! Eu não quero concorrer com os ônibus. Os ônibus são meus aliados. Quero concorrer com os carros. Hoje, 150 mil veículos cruzam as pontes diariamente. Se eu tirar 25% desses carros, imagina a diferença?
DC – Quanto você vai custar?
Metrô – A estimativa é a de que eu custe R$ 300 milhões.
DC – De onde vem esse dinheiro?
Metrô – Do governo do Estado e da iniciativa privada.
DC – Você ainda não nasceu, mas já pensa em ter filhos?
Metrô – Imagino um metrozinho indo dali do Centro para a UFSC, pela Beira-Mar Norte. De lá, ele iria até o aeroporto e de volta ao Centro, pela Via Expressa Sul. Vejo outro, mais para frente, indo do Mercado Público até o Centro Adminitrativo, no Saco Grande. E os caçulas passando pelos municípios da Grande Florianópolis, as praias do Sul e do Norte da Ilha, quando eu já for um velho conhecido dos catarinenses. Afinal, a minha vida útil é de 30 anos.
Mais
:: VLT É um pequeno trem urbano, geralmente movido a eletricidade. Seu tamanho permite que sua estrutura de trilhos se encaixe no meio urbano existente.
:: Pioneiro O primeiro VLT no Brasil operou em Campinas, em São Paulo, de 1990 e 1995. Ele foi desativado porque suas linhas eram pouco usadas. O planejamento do sistema foi considerado inadequado, pois as estações tinham poucas integrações.
:: Projeto Atualmente, existem projetos para o VLT em Brasília, Alagoas e Santa Catarina. Ceará conta com uma linha entre as cidades de Crato e Juazeiro do Norte.
(DC, ClicRBS, 19/03/2010)