Se o assunto é violação dos direitos da criança e do adolescente, não se deve fechar os olhos. Ao contrário. É preciso mantê-los bem abertos para perceber o que, na maioria das vezes, não tem visibilidade. É o que recomenda este 24 de setembro, Dia Estadual de Combate à Violência e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. A data marca a mobilização dos catarinenses contra um crime insano, que a cada mês faz pelo menos 500 vítimas no Estado: o abuso sexual contra meninas e meninos.
Para marcar o Dia Estadual de Combate à Violência e Exploração Sexual Infanto-Juvenil, manifestações estão previstas em várias cidades. As mais frequentes serão a distribuição de panfletos sobre o problema.
A programação foi definida entre Ministério Público e entidades ligadas ao Fórum Catarinense pelo Fim da Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Neste ano, foi deflagrada a campanha Crianças abusadas sexualmente não falam. Fale por elas!. O objetivo é orientar os catarinenses para prevenir e denunciar casos de violência, exploração e abuso sexual praticados contra crianças e adolescentes.
Outro objetivo é divulgar o Disque 100, telefone em que a pessoa pode fazer a denúncia de forma anônima. Com isso, vencer um obstáculo: o abuso sexual acontece, na maioria das vezes, na família. Por causa dessa característica, prevalece o silêncio, o que dificulta a apuração.
– Temos que orientar as pessoas para que elas ‘ouçam’ as crianças que estão sendo vítimas e que, na maioria das vezes, ‘falam’ de outra forma – sugere Priscilla Linhares Albino, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do Ministério Público de Santa Catarina.
Mais acostumados ao drama vivenciado pelas crianças vítimas de abuso, profissionais do Programa Sentinela, em cidades como Florianópolis e São José, usam brinquedos para “tentar ouvir” dos meninos e meninas pequenas o que estão “contando” pelas disposições de bonecos.
O alerta da promotora justifica-se pelos números: o Programa Sentinela atendeu, no Estado, em 2007 e 2008, mais de 28 mil casos de violência física e psicológica, negligência, abuso e exploração sexual infanto-juvenil.
– Nem toda denúncia se materializa. Mas é importante que as pessoas fiquem atentas, pois cabe aos serviços de proteção investigar – observa a articuladora do Conselho Tutelar da Ilha, em Florianópolis, Sheila Thomé.
Em Florianópolis, serão realizadas atividades educativas na região do trapiche da Avenida Beira-Mar Norte, das 9h às 17h, com a participação de crianças e adolescentes de diversas escolas.
Também será distribuído material informativo à população. Para a mobilização, foram produzidos 1,2 milhão de folhetos, 140 mil cartazes, 300 placas de rua e 800 camisetas que serão entregues a quem participar das atividades pelo Estado.
(Ângela Bastos, DC, 24/09/2009)
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