Só será vacinado contra a febre amarela nos postos médicos da Capital quem assinar termo de compromisso garantindo que viajará a áreas consideradas de risco para a doença no País. Em vigor desde ontem (30/01), a medida pretende evitar a aplicação de doses desnecessárias, afirma o secretário de Saúde de Florianópolis, João José Cândido da Silva. Os documentos têm validade legal e serão fiscalizados pelo Ministério Público de Santa Catarina e pela Secretaria Municipal de Saúde.
A constatação de informações mentirosas configura crime de falsidade ideológica, previsto pelo Código Penal Brasileiro, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria. Somente em janeiro deste ano, explica Cândido da Silva, foram aplicadas na cidade 12 mil doses da vacina contra a febre amarela, 500 desde a última segunda-feira.
O número é o triplo do registrado durante todo o ano de 2007, quando foram aplicadas cerca de 4 mil doses. O secretário atribui a corrida pela vacina ao pânico causado pela má interpretação das informações sobre registros de novos casos no Brasil, e critica os gestores públicos que “não informaram corretamente a população sobre a real situação da doença no País.”
As doses também só serão distribuídas pelos postos de saúde de Canasvieiras, da Trindade e pela Policlínica da avenida Rio Branco. A coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Florianópolis, Ana Cristina Vidor, salienta que atualmente há 42 pessoas internadas no País devido à alta dosagem da vacina. O número supera o de casos da própria doença. “O excesso da vacina pode acarretar febre, mal estar e diarréia, além reações alérgicas simples e graves, que podem levar à internação, explica a médica.
Ana Cristina Vidor também destaca que não há epidemia no Brasil, mas registros de casos de febre amarela silvestre em pessoas não vacinadas que entraram em contato com a mata nas regiões de circulação do vírus. Em 2007, foram verificados seis casos da doença, envolvendo os estados do Amazonas, Pará, Roraima e Goiás.
Desde dezembro do ano passado, foram confirmados mais dois casos, e outros estão em investigação. Nas matas, a febre amarela ocorre em macacos e os principais transmissores são os mosquitos do gênero Haemagogus. O último caso de febre amarela urbana registrado no Brasil foi em 1942, no Acre.
As áreas de risco para a enfermidade compreendem a mata das regiões Norte e Centro-oeste e Nordeste. Além destas, há as zonas de transição, onde é feito um cinturão de proteção com a vacina. Estas abrangem quase todo o Estado de Minas Gerais, Oeste do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul.
(AN Capital, 31/01/08)
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