A criação de zoneamentos delimitando áreas específicas para as diferentes atividades exploradas na Ilha do Campeche é umas das sugestões apresentadas pelas estudantes de oceanografia Andreoara Schmidt e Maria Luiza Lima, que durante um ano estudaram um dos principais pontos turísticos da Capital.
O trabalho foi uma parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e está sendo apresentado a autoridades públicas e comunidade.
Localizada no Sudeste de Florianópolis, a Ilha do Campeche foi tombada em 2000 pelo Iphan como Patrimônio Histórico e Ecológico nacional.
Hoje, além da presença dos pescadores, o local recebe turistas interessados em mergulhos, caminhadas pela mata e visitação aos sítios arqueológicos encontrados na ilha que tem 1,5 mil metros de extensão. Anualmente é renovado um contrato para ajuste de conduta das atividades realizadas na localidade, assinado geralmente entre outubro e novembro.
A arquiteta Cintia Chamas, da 11ª superintendência do Iphan, diz que o estudo realizado pelas acadêmicas da Univali será avaliado para que possíveis mudanças possam ser efetuadas já no próximo acordo. “Vamos sentar com a comunidade e avaliar as sugestões deste belo trabalho para então traçarmos um cronograma de implantação das mudanças”, afirma.
As estudantes Andreora e Maria Luiza defendem que o trabalho realizado é o início de um levantamento mais aprofundado. Nesta primeira etapa, elas focaram o trabalho no controle das atividades realizadas na ilha e no perfil dos pescadores que vivem na região.
Foi realizado ainda um levantamento da fauna local. Entre os animais encontrados, as estudantes catalogaram espécies ameaçadas de extinção, como alguns exemplares de lagostas e ouriços e o peixe mero, protegido da caça por lei. A ilha também recebe visitas de baleias francas e lobos marinhos, além de golfinhos e tartarugas.
A variedade de aves também é grande, sendo que o atobá, o biguá, o tesourão, a gaivota e o albatroz estão entre as mais freqüentes. As espécies de peixe exploradas comercialmente mais comuns são anchova, linguado, bacalhau e lula. Cintia Chamas, do Iphan, defende que o conhecimento do ambiente marinho e das questões sociais inerentes é fundamental para a conservação do bem tombado, sendo o primeiro passo no sentido de se implementar um plano de gestão.
Preservação é maior após o tombamento
Apenas depois do tombamento pelo Iphan em 2000, a visitação na Ilha do Campeche passou por remodelações. Hoje a fiscalização do trabalho das escunas, botes e restaurantes conta com apoio do Ministério Público Federal, Polícia Ambiental e Capitania dos Portos, além do próprio Iphan.
A demarcação com bóias das áreas para banho e para as entradas e saídas das embarcações ocorreu entre 2004 e 2005. No ano seguinte foi realizada a sinalização das trilhas subaquáticas. As pesquisadoras defendem o credenciamento apenas de atividades coerentes com a conservação do patrimônio e sugerem a cobrança de uma taxa das empresas que atuarem na ilha. A arrecadação seria investida em preservação.
Saiba mais
Recomendações das pesquisadoras
• Criação de um zoneamento marítimo, estabelecendo áreas exclusivas para determinadas atividades.
• Para o ordenamento da praia, a alternativa é a implantação de uma estrutura física de demarcação.
• O monitoramento deve ser reforçado nas atividades de mergulho, com elaboração de relatórios pelas empresas.
• Investimentos no resgate da memória local, com a criação de um museu interpretativo, ciclos de palestras e exposições fotográficas.
• Elaboração de um perfil dos visitantes.
(Alexandre Lenzi, A Notícia, 10/09/2007)
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