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Juiz decide hoje se procurador será afastado

O juiz Zenildo Bodnar, da Vara Federal Ambiental da Capital, deve decidir, hoje, se recebe ou não o pedido de afastamento do procurador-chefe da República no Estado, Walmor Alves Moreira, do inquérito que originou a Operação Moeda Verde.

O pedido de “suspeição” de Moreira, autor do requerimento que deu origem à operação da Polícia Federal (PF), foi formulado pelos advogados do empresário Paulo Cezar Maciel, dono do Shopping Iguatemi. Eles alegam que o representante do Ministério Público Federal (MPF) teria agido de forma imparcial durante a disputa judicial que colocou em lados opostos Maciel e o ex-incorporador do Shopping Florianópolis, Carlos Amastha.

De acordo com a assessoria de imprensa da Justiça Federal (JF), caso Bodnar receba a representação, Moreira estará automaticamente afastado até o julgamento do mérito, ou seja, ao fim da análise detalhada das acusações dos advogados e da defesa do procurador.

Esse julgamento definitivo deve acontecer em, no máximo, duas semanas. Existe, porém, a hipótese do juiz rejeitar o requerimento.

No dia 7 de maio, quando decretou a prisão preventiva de cinco suspeitos de integrarem o suposto esquema de compra e venda de licenças ambientais para empreendimentos na Capital, Bodnar registrou que foram detectados “indícios de vazamento de informações sigilosas”, que poderiam ter beneficiado o vereador licenciado e presidente da Santur, Marcílio Ávila (PMDB), um dos investigados pela PF.

Ávila, que havia regressado de Buenos Aires, prestou depoimento e foi liberado. Alguns detalhes, porém, ainda intrigam investigadores. No dia 22 de setembro de 2006, os agentes interceptaram uma escuta telefônica, autorizada pela Justiça, na qual Ávila diz para o vereador Juarez Silveira ter sido informado, por Moreira, que “toda a diretoria da Ufeco (União Florianopolitana de Entidade Comunitárias) está no grampo” e que “o doutor Walmor disse que vai estourar uma bomba grande da Ufeco” – (leia gravação).

Quando cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Ávila, a PF estranhou certa quantidade de papel queimado na lareira. O material foi recolhido e encaminhado para perícia pela delegada Julia Vergara, responsável pela operação.

A gravação

Ligação interceptada pela PF no dia 22 de setembro de 2006
Marcílio Ávila liga para Juarez Silveira e diz:
Marcílio – Tava na audiência até agora com o doutor Jaime (de Souza, procurador da prefeitura)!
Juarez – Aonde?
Marcílio – Na… Justiça Federal, no ajuste de conduta do Carlos! Lá, do shopping! (referindo-se a Carlos Amastha). Se lembra daquelas denúncias? Foram todas explicadas pelo doutor Walmor (Alves Moreira). Sabe o que o doutor Walmor falou agora? Que pediu pra Ufeco mostrar a declaração do Imposto de Renda deles! E dos bens deles. Sabe por quê? O doutor Walmor andou grampeando, parece, junto, determinação da Justiça, né? O telefone da o… de todos os diretores da Ufeco, daquele pessoal todo. Já tá tudo na Polícia Federal. Envolvimento, tudo. Vai estourar uma bomba aí da Ufeco gigantesca!
Juarez – Que bom! Não pegando o nosso, o resto tá tudo certo! (risos)
Juarez – E o paraguaio (Amastha), tava junto?
Marcílio – Sim, estava.
Fonte: Relatório encaminhado pela delegada Julia Vergara da Silva ao juiz Zenildo Bodnar

(João Cavallazzi, DC, 06/06/2007)

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