A chuva que caiu durante o fim de semana e a segunda-feira recuperou os mananciais que abastecem comunidades da Ilha de Santa Catarina. O risco de um racionamento no início do verão está afastado, pelo menos por enquanto. “Esperamos agora que se mantenha uma regularidade maior e não fique seis meses sem chover”, disse o gerente regional da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). A chuva também recarregou a represa de Pilões, em Santo Amaro da Imperatriz, e permitiu que a Casan deixasse de retirar água do rio Cubatão. O sistema Cubatão-Pilões é responsável pelo abastecimento de toda a Grande Florianópolis, exceto o interior da Ilha (balneários do Norte, Sul e Leste).
Na semana passada, a Casan divulgou um comunicado à população pedindo que os moradores da Ilha economizassem água. Quatro pequenas represas usadas para abastecer comunidades específicas estavam praticamente secas: Monte Verde, Costeira do Pirajubaé, Morro da Lagoa e do Quilombo. Nas duas últimas, a Casan já havia mobilizado caminhões-pipa para levar água às partes mais altas. A companhia também estava executando manobras, desviando água do sistema principal (Cubatão-Pilões) para abastecer essas comunidades, mas o fornecimento era intermitente, faltando água durante a tarde.
Com a chuva do fim de semana, todos esses pequenos mananciais encheram, assim como a represa de Pilões. Nos últimos cinco meses, a captação de Pilões precisava ser reforçada pela do rio Cubatão para garantir o abastecimento da região metropolitana. No caso da Lagoa do Peri, que abastece o Sul e parte do Leste da Ilha, “a recuperação ainda não foi de 100%”, de acordo com Coutinho. Mas embora o nível da Lagoa esteja baixo por causa da estiagem prolongada, ainda não foram registrados problemas com o abastecimento nessas regiões.
Poluição compromete manguezal
Mesmo integrando uma reserva ecológica federal, o manguezal do Saco Grande não está protegido. Assim como outras áreas de mangue na Ilha de Santa Catarina, o local está contaminado pela poluição de esgoto doméstico e lixo lançados nos rios por moradores de comunidades próximas. “Os mangues da Ilha estão em coma”, disse Apoena Figueiroa, chefe da Estação Ecológica de Carijós, reserva administrada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que inclui os manguezais do Saco Grande e Ratones.
Manguezais preservados são garantia de um estoque de peixes e crustáceos no mar próximo à llha, fonte de renda para muitos pescadores da região. O mangue funciona com um berçário para esses animais. “Robalos, tainhas, camarões e muitos outros animais dependem desses estuários para sobreviver. Quando se destrói uma área de mangue, o impacto na pesca é direto”, explica Apoena. Hoje quase a salvo de ocupações irregulares, o mangue agora tem como principal inimigo a poluição. A situação é melhor no manguezal dos Ratones, entre a SC-401 e o Pontal da Daniela, também parte da Estação Ecológica, onde a poluição ainda não é tão grave.
O estado do manguezal do Saco Grande, no entanto, é tão crítico quanto o de outros áreas desse tipo, como no Itacorubi e Costeira do Pirajubaé. A Estação de Tratamento de Esgoto do bairro João Paulo, em construção, poderia ser parte da solução, no caso do Saco Grande.
ETE
Mas embora a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) esteja concluindo a construção da estação, a empresa está impedida de colocá-la em funcionamento, por conta de uma liminar obtida na justiça por uma entidade comunitária, que exige um estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima). Os efluentes da estação, depois de tratamento, serão lançados na baía Norte por um emissário submarino.
De acordo com o chefe da Estação Ecológica, a estação não resolveria totalmente o problema, mas amenizaria a situação do manguezal. “Qualquer tratamento de esgoto é bem vindo. Hoje o esgoto é lançado in natura no mangue e na baía Norte”, disse Figueiroa. A Casan já prepara um argumento para revisão da decisão judicial, baseada numa nova resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para tentar dispensar o empreendimento do EIA/Rima. A Resolução 377, editada no dia 9 do mês passado, dispensa o documento para empreendimentos do porte da estação, mas faz uma ressalva em relação a áreas “ambientalmente sensíveis”.
(Carlito Costa, A Notícia, 04/12/2006)
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1 Comentário
E assim vamos, a cidade é turistica, o feijão sai da atividade, mas mesmo assim vamos acabando com o proprio ganha pão….