Como já estão prontos 30% do aterro hidráulico de 180 mil metros cúbicos para construção da avenida Beira-mar Continental, no Estreito, a Prefeitura de Florianópolis trabalha com a previsão de acabar a obra antes dos prazos estipulados no contrato. “O cronograma inicial indicava a conclusão para o final de 2008, mas, se o ritmo atual for mantido, vamos antecipar a inauguração da via em aproximadamente seis meses”, afirma o secretário-adjunto de obras da Capital, Carlos Schwabe. Ele lembra, no entanto, que se trata de uma obra grande e com muitas variáveis. Nesta primeira fase, além da dragagem de areia, estão sendo feitos o enrocamento, com a construção de muros de proteção, e as mantas geotêxteis, para prevenir o adensamento.
As próximas etapas são a urbanização e a implantação das ciclovias, pistas, estacionamentos e calçadas, de acordo com o secretário. “Acredito que o aterro estará concluído na metade do ano que vem”, avalia. Schwabe explica que o ritmo acelerado das obras permite as projeções otimistas. A ordem de serviço para o consórcio Sul Catarinense e Ster Engenharia Ltda. foi dada no dia 23 de março, quando a draga começou a aterrar a área, situada entre a cabeceira continental da ponte Colombo Salles até a Ponta do Leal, no Estreito.
O projeto da avenida Beira-mar Continental inclui o aterro de 180 mil metros quadrados para, num primeiro trecho, ser feita a construção de duas pistas asfaltadas de duplo sentido, numa extensão de 1,6 quilômetro e 11,4 metros de largura, ligando a ponte Colombo Salles à rua Machado de Assis. Em única direção e com duas pistas, o outro trecho unirá a rua Machado de Assis à Ponta do Leal, com 2,4 quilômetros de extensão e igualmente 11,4 metros de largura.
As melhorias implicam também na construção de 1 quilômetro de acesso às vias perpendiculares na região. Outra projeção prevista é uma ciclovia de 2 quilômetros de extensão e com largura de 2,8 metros. Além disso, haverá cerca de 10,2 mil metros quadrados de estacionamento público em diversos pontos do Estreito, proporcionando vagas para 500 veículos. O custo da obra é de R$ 43 milhões, R$ 157 mil com recursos garantidos através de financiamento internacional via Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), que vai emprestar 80% do montante, enquanto que os outros 20% representam contrapartida da Prefeitura.
A instalação do canteiro de obras da avenida Beira-mar Continental foi feita em setembro de 2004, mas as atividades foram interrompidas por ação do Ministério Público Federal (MPF) em razão de divergências técnicas quanto à competência do órgão – Fatma ou Ibama – para a liberação da licença ambiental. Numa audiência de conciliação entre as partes envolvidas, realizada no início do ano, o MP decidiu acatar a licença ambiental já emitida pela Fatma para execução do projeto, incluindo algumas medidas para garantir a segurança ambiental em relação à fauna e flora locais. Entre elas estão a retificação de coordenadas geográficas e a realização de estudos complementares para verificação da ocorrência da espécie Epinephelus itajara, o popular mero, na região.
Bairro aposta na revitalização
A construção da Beira-mar Continental anima os moradores e comerciantes do Estreito. A perspectiva da comunidade é a revitalização do bairro, que perdeu notoriedade e se tornou um dormitório por conta da expansão urbana da Capital para outras regiões. “Já podemos sentir os reflexos positivos da rodovia”, declara o presidente da Associação dos Amigos do Estreito, Édio Fernandes. O líder comunitário afirma que o início dos trabalhos provocou uma ebulição no mercado imobiliário. “Estão sendo construídos 34 edifícios entre 12 e 17 andares no bairro”, informa.
O desenvolvimento urbano qualificado e sustentável está na pauta de preocupações da associação. “Não vamos permitir paredões de concreto de baixa qualidade”, avisa. Fernandes explica que o novo zoneamento da região previsto na elaboração do novo Plano Diretor de Florianópolis, conta com a participação de 4 gestores da região continental. “Queremos equipamentos para ampliar a qualidade de vida, com saneamento básico e construção de áreas de lazer, creches e escolas”, define. O presidente diz que, na sua avaliação, os empreendimentos em construção no bairro levam a assinatura de construtoras de respeito. “Mesmo assim, ficaremos de olhos bem abertos”, declara Fernandes.
Trânsito
Na opinião do líder comunitário, a avenida, entre outros benefícios, vai melhorar todo o sistema de trânsito na região. “O tráfego deve escoar de forma mais otimizada, alavancando o comércio”, prevê. Fernandes lembra que atualmente as lojas estão todas de costas para o mar. “A rodovia vai permitir o processo inverso, humanizando e tornando a atividade mais atrativa”, avalia. Fernandes conta, ainda, que no Estreito existem 45 lojas de móveis, colchões e segmentos para o setor. “Este potencial será melhor direcionado”, explica, dizendo que a Beira-mar é um sonho alimentado há mais de 20 anos pelos moradores da região.
Comércio tem previsão de movimento triplicado na região
Para o diretor da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis-seccional Estreito (Acif), Tadeu Emílio Vieira, a construção da rodovia será um divisor de águas na história do bairro. “O crescimento comercial deve triplicar na área em pouco tempo”, argumenta. Tadeu acredita que o escoamento de trânsito mais rápido, o alargamento de ruas, as áreas de estacionamento devem atrair consumidores ao Estreito. “Muitas pessoas ficam atualmente inibidas por conta do fluxo caótico de veículos no local”, declara.
O empresário acredita que tanto o comércio quanto a população será beneficiada. “Com o gabarito para edificações no bairro, o cenário urbano será modificado, com ampliação do espaço estético”, argumenta.
Com o objetivo de esclarecer a obra para a população em todos os sentidos, a Acif realiza uma plenária pública no próximo dia 31, às 19 horas, na Biblioteca Pública Municipal Barreiros Filho, que fica no bairro. Na ocasião, técnicos da Secretaria de Obras da Capital e os engenheiros envolvidos na obra estarão presentes para tirar as dúvidas dos moradores. “Os assuntos em pauta vão desde o cronograma da obra, o que muda, o que fica, enfim todos os assuntos de interesse da comunidade”, afirma Tadeu.
(Gisa Frantz, A Notícia, 17/08/2006)
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