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O excesso de carros preocupa Florianópolis, assim como preocupa Sttutgart, Tóquio, Bogotá e outros grandes centros urbanos pelo mundo. E é por causa desse problema comum que une cidades ao redor do planeta, que especialistas no assunto estão reunidos na Capital, no Fórum Internacional de Mobilidade Urbana. O evento começou ontem e segue hoje no Teatro Pedro Ivo Campos, na SC-401. Entre os convidados está o especialista Rodney Tolley, consultor e pesquisador de transporte sustentável. O estudioso inglês, que integra a Walk 31, uma organização que defende o hábito da caminhada, acompanhou o DC em três pontos críticos de congestionamento na Ilha de Santa Catarina: Lagoa da Conceição, pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos e o Trevo da Seta, no acesso ao Aeroporto Hercílio Luz. Tolley fez sua análise e criticou os projetos em andamento.
(Por Gabrielle Bittelbrun, DC, 27/04/2011)
Pontes Colombo Salles e Pedro Ivo
Nas pontes de acesso à Ilha de SC passam, hoje, cerca de 170 mil veículos por dia. A movimentação é mais do que oito vezes superior à revelada na Hercílio Luz da década de 1970, quando cerca de 20 mil automóveis faziam a travessia diariamente. Para o pesquisador Rodney Tolley, o trânsito de carros não vai parar de crescer nas pontes e em toda a cidade, caso se continue investindo em transportes individuais.
– A curto prazo, a construção de mais uma ponte pareceria a solução, mas, em menos de 20 anos, o tráfego pararia novamente. Com o incentivo a carros, surgem mais veículos que precisam de espaço nas ruas e nos estacionamentos. Nunca se pode satisfazer, por completo, o espaço destinado para eles.
Tolley ficou indignado diante dos congestionamentos na hora do pico nas duas travessias. Ele foi irônico ao ver o slogan Projeto de Desenvolvimento, no monumento instalado entre as pontes. Segundo Tolley, para haver desenvolvimento, não se pode perder tanto tempo no transporte e nem se pode perder tanto dinheiro em transporte individual.
– As cidades em desenvolvimento apostam em meios de locomoção que não poluem e que são eficientes.
O pesquisador sugere que, após a reforma da Hercílio Luz, a estrutura deve ser usada por ciclistas e pedestres.
– As pessoas devem ser forçadas a deixar os carros em casa. Uma das medidas para isso seriam faixas exclusivas para ônibus, o que agilizaria os meios públicos de transporte.
COM A PALAVRA, A PREFEITURA
A diretora de Planejamento do Ipuf, Vera Lúcia Gonçalves da Silva, lembra que já houve uma tentativa de implantar a faixa exclusiva de ônibus em abril de 2009 na Ponte Colombo Salles.
– O sistema de exclusividade para os coletivos foi abandonado por causa da pressão dos motoristas de carro, já que, com a medida, os congestionamentos aumentaram.
Mesmo assim, para o estudioso inglês, as faixas exclusivas para o transporte coletivo deveriam não apenas ter sido implantadas nas pontes, mas em toda a cidade, com pesada fiscalização da Polícia Rodoviária para garantir que sejam respeitadas.
– Se os motoristas de carro vão reclamar? É obvio. Eles sempre reclamam – brinca Tolley.
(DC, 27/04/2011)
Trevo da Seta e acesso ao aeroporto
O Sul da Ilha é mais um dos pontos com grande concentração de veículos. Segundo dados da PRF, cerca de 18 mil carros passam pela SC-405 diariamente, enquanto que, há seis anos, o volume era de seis mil carros por dia. A prefeitura prevê uma série de obras na região para aliviar o problema. O lançamento da licitação para a duplicação da Avenida Diomício Freitas, que dá acesso ao Aeroporto Hercílio Luz, está prevista para maio. No mesmo mês, terão início as obras para a terceira faixa da SC-405, que leva ao Bairro Rio Tavares.
O elevado do Trevo da Seta, que já está liberado para o tráfego, mas que ainda tem suas obras no entorno em fase de conclusão, deve ser inaugurado oficialmente no mês que vem.
Tolley prevê o fracasso dessas obras. Segundo ele, logo os novos espaços construídos não comportarão a quantidade de carros novamente, assim como o estacionamento do aeroporto, com 539 vagas, que já se mostra insuficiente.
– Investir na estrutura para carros é incentivar as pessoas a continuarem usando esses veículos e contribuir para se ampliar a frota. Aumentar vias e estacionamentos, em uma cidade com congestionamentos, é como alguém com obesidade afrouxar o cinto em vez de tentar emagrecer.
COM A PALAVRA, A PREFEITURA
A diretora de Planejamento do Ipuf, Vera Lúcia, concorda que devem ser priorizados os meios de transporte não motorizados e os coletivos. Ela destaca que a prefeitura tem investido em projetos intermodais, ou seja, de integração de transportes que deverão ser apresentados à comunidade até agosto. P
Para a região do aeroporto, ela defende um estudo detalhado sobre os pontos de origem e destino mais comuns dos passageiros.
– A melhor opção seria apostar no aumento das linhas de ônibus.
(DC, 27/04/2011)
Região da Lagoa da Conceição
Na região da Lagoa da Conceição, outro nó no trânsito, principalmente no verão, quando turistas visitam o local, elevando o fluxo de carros para cerca de 30 mil por dia. O pesquisador inglês, Tolley, ao visitar a Lagoa, deparou-se com o principal entrave para a mobilidade: as ruas estreitas, impostas pela estrutura física de dunas e da própria Lagoa. Para ele, a saída é dividir o espaço com faixas para pedestres e ciclistas, porque “é o caminho para carros que deve ser gradativamente reduzido”.
O estudioso considera que até o congestionamento da região pode facilitar o uso de bicicletas, já que a baixa velocidade dos veículos reduz o risco dos ciclistas. Mesmo assim, ele atesta a necessidade de uma estrutura básica, e afirma que a construção de ciclovias e vestiários em pontos da cidade e nas empresas incentivaria as pessoas a pedalarem.
COM A PALAVRA, A PREFEITURA
Vera, do Ipuf, explica que, na Lagoa, o foco está na implantação da ciclovia na Osni Ortiga, que apenas aguarda a aprovação da Fundação do Meio Ambiente (Fatma). A intenção é estender o projeto para a Avenida das Rendeiras, Centrinho e outros pontos da Lagoa.
Entre os exemplos que já deram certo, ela cita o Bairro dos Ingleses, que tem espaço para caminhar e pedalar. Vera menciona a criação da Pró-Bici, comissão criada para garantir a segurança dos ciclistas e aprimorar a infraestrutura cicloviária. A diretora admite que essas medidas são recentes, mas atribui os poucos planos concretizados de mobilidade à falta de consciência da população. Tolley concorda que existe uma “cultura dos carros”. Mas acredita que é possível mudar essa realidade, ainda mais quando se tem sol e vista para o mar.
(DC, 27/04/2011)
O encontro reúne ideias de 82 países
A ideia da rede Cities for Mobility, que promove, junto com o Ministério das Cidades e o governo do Estado de SC, o Fórum Internacional de Mobilidade Urbana, é que as alternativas de planejamento e locomoção já implantadas possam ser transferidas para outras realidades.
Patrick Daude, representante alemão da rede e palestrante no fórum, explica que são 82 países conveniados que trazem suas experiências. O estudioso Guillermo Peñalosa, por exemplo, instaurou, em Bogotá, na Colômbia, o programa Carro Livre aos domingos, que fecha as principais vias centrais da cidade para os veículos motorizados, levando mais de 1 milhão de pessoas às ruas para caminhar, correr e pedalar. Para ele, em todas as cidades, o carro deve ser colocado em último plano.
Rodney Tolley destaca Nova York, que soube investir em ciclovias e em meios de transporte coletivos. Vancouver também é citada como um exemplo de cidade com número crescente de ciclistas, apesar do frio intenso.
Mas para trajetos curtos, o meio de locomoção em que Tolley mais aposta, pelo baixo custo, praticidade e por poder ser implantado em qualquer parte do mundo, é a caminhada.
– Ela ajuda a resolver esse atual tsunami de problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e obesidade – explica.
Ele diz que, além da modalidade ser barata, é preciso que as prefeituras apenas invistam na arborização das cidades, construam praças e cafés e façam um trabalho de conscientização da população.
– As pessoas são incentivadas a caminhar quando o trajeto é prazeroso e quando existem espaços para descansar e fazer o que, normalmente, mais gostam: observar outras pessoas.
Tolley lembra que o replanejamento das cidades, priorizando meios de transporte que não sejam o carro, exige medidas a longo prazo, já que se trata de reverter o processo de incentivo automobilístico “dos últimos cem anos”.
–É como mudar o rumo de um transatlântico, demora, mas é sempre possível.
(DC, 27/04/2011)

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