Um laudo do Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC apontou que há presença de adenovírus humano na água da Lagoa da Conceição em Florianópolis. Estes agentes infecciosos, causadores de doenças gastrointestinais, genitais, respiratórias, além de conjuntivite, podem ter sido eliminados na água via liberação irregular de esgoto.
— Todos se replicam no intestino, podem ser isolados nas fezes e podem contaminar esgotos, rios, mares e moluscos — explicou a professora Gislaine Fangaro, uma das pesquisadoras que assina o laudo, durante uma live no Youtube em que apresentou o estudo para a comunidade.
A análise, solicitada pela Associação de Moradores da Lagoa da Conceição (Amola), foi feita a partir da coleta de amostras em 11 pontos. O material foi entregue aos pesquisadores em 13 de maio e a análise foi concluída em 9 de junho.
Dos pontos de coleta, apenas dois, na Costa da Lagoa, não apresentaram dados preocupantes. Em um deles, não havia agente infeccioso e em outro, uma concentração de 120 UFP (unidades formadoras de placa) por 100 ml.
Para ser considerada adequada do ponto de vista da segurança sanitária, cada amostra deveria ter menos do que 200 UFP, conforme o professor do curso de pós-graduação em Oceanografia e Ecologia da UFSC, Paulo Horta. Os demais pontos de coleta apresentaram valores entre 1.100 e 4.300 UFP.
Na apresentação dos resultados, Gislaine Fangaro explicou aos moradores que há chances de reduzir a concentração de vírus na água, em um prazo de seis meses a um ano, desde que seja diminuído o lançamento de material contaminado.
— A partir do terceiro ponto [de coleta], todos ficam em uma concentração alta de adenovírus, tem uma contaminação persistente. É importante olhar para esses dados com prospecção de futuro, perguntar o que a gente pode fazer para melhorar isso ao longo do tempo para ter uma condição sanitária adequada — explicou.
As coletas foram feitas nos seguintes pontos: Costa A; Costa B; Terminal Lacustre; Efluente ETE Barra da Lagoa; Rod. Jorn Manoel Menezes; Rendeiras Leste; Rendeiras Centro; Rendeiras Oeste; Osni Norte; Osni Sul; Centrinho.
Nos últimos anos, a contaminação da água da Lagoa da Conceição tem preocupado moradores e autoridades pela presença de esgoto irregular. A preocupação aumentou após o rompimento da lagoa artificial da Casan, usada para depósito de efluentes tratados, em janeiro deste ano.
Questionada sobre o laudo, a assessoria de imprensa da Casan informou que a companhia ainda não teve acesso à análise. A Fundação Municipal de Meio Ambiente (Floram) também declarou que aguarda os resultados para se manifestar.
(CBN, 23/06/2021)
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