Recuperar, revitalizar e devolver à sociedade de forma integral o Parque Ecológico Cidade das Abelhas (Peca), tradicional espaço de convivência e da pesquisa apícola catarinense localizado no Bairro Saco Grande, em Florianópolis. Esta é a missão do projeto Parque Cidade das Abelhas, desenvolvido desde 2016 com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A Fapeu tem fundamental importância na gestão dos recursos e na facilitação da aquisição de bens e produtos de forma rápida e eficiente”, destaca o professor Walter Quadros Seiffert, coordenador dos trabalhos e diretor do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSC.
Criado em 1952, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como Projeto Apicultura, 15 anos depois a iniciativa foi transferida para a atual área de 18 hectares, então pertencente à União, que logo depois a cedeu para o Estado, com o local passando a ser denominado Cidade das Abelhas. Em 1971, o projeto foi transformado em Instituto de Apicultura de Santa Catarina (Iasc) e passa a ser polo de conhecimento sobre apicultura. Em 1991, o Estado cria a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), que absorve o Iasc. E, no ano seguinte, a área na Rodovia Virgílio Várzea passa a ser denominada como Centro de Pesquisa e Extensão Agrícola de SC (Cepea). Na década de 1990, o local viveu seu auge. Porém, o século 21 chegou e com ele a falta de investimentos e o declínio.
A situação começou a virar no final de 2011, quando encerrou o contrato de cessão do terreno da União para o Estado, e a UFSC voltou a ter a gestão da área. Em 2015 foi definida uma comissão para viabilizar a abertura do parque e a tomada de decisões sobre a área – ação que resultou no atual projeto da Cidade das Abelhas. “A ideia é buscar a reestruturação e reorganização do espaço, de modo a apresentar condições básicas às atividades de pesquisa, ensino e extensão, bem como oferecer ao público um ambiente de convivência. O uso do espaço para o lazer permitirá ao público o contato direto com a natureza, sendo um dos benefícios diretos que a reestruturação trará à sociedade”, observa o professor Walter Seiffert.
Convergência
Uma série de melhorias vem sendo realizadas no local ao longo dos últimos anos visando a consolidar o parque como referência no universo apícola, tanto para pesquisas quanto para a visitação pública. Entre outros trabalhos foram feitos reparos elétricos e hidráulicos, pequenas reformas em salas, construção de paredes em laboratórios, instalação de novos aparelhos de ar-condicionado e manutenção nos já existentes, bem como compra de ferramentas e equipamentos destinados à conservação do parque.
“A realização de novas atividades de ensino, pesquisa e extensão e a interação com o setor privado requer a construção, readequação e a melhoria dos espaços externos e internos do parque”, explica Seiffert. “Além disso, os espaços existentes permaneceram por muito tempo sem a devida manutenção, fazendo com que os desgastes naturais nas construções não fossem reparados, acumulando diversas fragilidades”, observa o coordenador.
Hoje, a Cidade das Abelhas abriga a sede da Federação da Associação dos Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc) em seu espaço. Além disso, três empresas startups nas áreas da biotecnologia e nanotecnologia têm suas origens ligadas aos laboratórios do parque.
“O objetivo é aproximar do meio acadêmico a Faasc e os produtores de diferentes setores, porque entendemos que a ampliação de pesquisas no meio pode melhorar a qualidade de diversos produtos dependentes da polinização e de outros serviços apícolas”, diz o professor. Ou seja, a meta é consolidar o parque como um hub da apicultura catarinense, integrando estudantes, produtores e a população em geral.
Aos poucos, o espaço começa a receber público externo. A equipe do projeto já atende alunos dos cursos de Agronomia, Zootecnia e Ciências Biológicas da UFSC, além dos programas de pós-graduação em Biotecnologia e Biociências, Recursos Genéticos Vegetais, Agroecossistemas e Ciência dos Alimentos. Com agendamento prévio, também são recebidas turmas de escolas de ensino básico. “A curto prazo, o parque terá melhores condições de receber seus usuários e visitantes, sejam eles da comunidade universitária ou externos, além de fornecer uma estrutura adequada para a pesquisa apícola voltar a ser referência no Estado”, diz o professor Seiffert.
Mas, a longo prazo, o projeto é ainda mais ousado: oferecer uma estrutura de parque temático, mantendo a memória do local associada à apicultura, com a criação de um museu sobre abelhas, além de lagos, passarelas em meio às árvores, pistas de caminhada, locais de convivência e atividades e atrativos como arborismo, viveiro de plantas, orquidário, compostagem, brinquedos lúdicos e educativos, jardins temáticos, trilhas ecológicas, mirantes, obras artísticas interativas, placas com informações das plantas e dos animais do local. Um projeto que exige união, organização, planejamento e muito trabalho, tal qual as abelhas que inspiram o parque.
* Esta reportagem integra a 12ª edição da Revista da Fapeu, que pode ser acessada na íntegra em https://is.gd/I37SH3/Fapeu
Texto: Eduardo Correia/Fapeu
(UFSC, 30/03/2021)
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