Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 30/03/2020)
Em reunião realizada na segunda (30), o Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem), integrado pelas sete federações do Estado, divulgou comunicado em que defende retomada gradual, mas imediata da atividade econômica porque grande parte das medidas de apoio no combate ao novo coronavírus anunciadas não se materializaram ou se mostram insuficientes.
A entidade argumenta que o Estado está com isolamento social há duas semanas, reconhece que a vida dos catarinenses é prioridade, mas defendem que, seguindo rigorosos protocolos de segurança e isolamento de grupos de risco, seja autorizada a volta gradativa, mas imediata das atividades econômicas. Sem isso, muitas empresas fecharão as portas e o desemprego será ampliado fortemente. Paralelamente, a entidade cobra a colocação em prática de medidas de apoio ao setor privado, com postergação de impostos, entre os quais o ICMS e outras medidas.
– O Cofem, como o representante do setor empresarial de Santa Catarina, solidário com a sociedade neste momento grave, mas ciente de suas responsabilidades, avalia que, no atual cenário, a paralisação da economia poderá ter consequências sociais tão graves quanto a própria pandemia – alerta o conselho já na primeira frase do comunicado.
Esta é a segunda grande pressão empresarial junto ao governo do Estado. Na semana passada, 50 entidades criaram o Movimento Reage SC e cobraram a reabertura do comércio e serviços. O governador Carlos Moisés disse que havia recebido sugestões de mais de 300 entidades empresariais para retomar a atividade produtiva, anunciou a reabertura para quarta-feira, mas voltou atrás no domingo. É claro que o governo federal está atrasado na ajuda, mas preocupa essa pressão numa fase da pandemia mundial em que quase todo mundo está em isolamento e pessoas de todas as idades e classes sociais estão perdendo a vida.
Leia a íntegra do comunicado do Conselho das Federações Empresariais de SC:
“Diálogo, compromisso, solidariedade e equilíbrio
O COFEM, como o representante do setor empresarial de Santa Catarina, solidário com a sociedade neste momento grave, mas ciente de suas responsabilidades, avalia que, no atual cenário, a paralisação da economia poderá ter consequências sociais tão graves quanto a própria pandemia. Passadas duas semanas de quarentena em Santa Catarina, com redução drástica ou interrupção total do faturamento, as empresas estão diante da necessidade de honrar compromissos como a folha de pagamento e diversos outros, enquanto grande parte das medidas de apoio anunciadas não se materializaram na prática ou se mostram insuficientes.
Preservar a vida dos catarinenses é prioridade. Sem minimizar a seriedade do problema, contudo, as entidades empresariais catarinenses defendem que, seguindo rigorosos protocolos de segurança e isolamento de grupos de risco, seja autorizada a volta gradativa, mas imediata, das atividades econômicas. Sem isso, muitas empresas, especialmente as pequenas, fecharão e os já elevados níveis de desemprego no País se ampliarão fortemente. O setor empresarial defende o equilíbrio entre a preservação da saúde da população e a possibilidade de evitar o caos. Quem está premido por uma folha de pagamento ou uma família para alimentar sabe o que é isso.
Na retomada das atividades, o COFEM propõe que seja considerada a interdependência das cadeias produtivas, ou seja, o conjunto de empresas de diversos setores (como agronegócio, indústria, transporte e comércio), que operam de forma integrada para prover produtos e serviços à sociedade.
Em paralelo a isso, espera-se que sejam postas em prática, imediatamente e sem burocracia, medidas de apoio à sobrevivência das empresas e dos cidadãos e para manutenção dos empregos. Entre estas, destacam-se iniciativas como a já solicitada postergação e parcelamento de pagamento de tributos, em especial do ICMS, e a oferta de crédito para capital de giro em condições condizentes com o momento. Garantir a saúde pública vai além do isolamento, mas passa também pela melhoria da infraestrutura técnica e profissional na área, que precisa ser demonstrada na prática.
Além disso, as federações empresariais esperam do setor público ações concretas de redução de custos e revisão de prioridades no uso do recurso público. São exemplos disso o adiamento das eleições de 2020, com o redirecionamento do fundo partidário para o enfrentamento da crise, e a concessão de férias e redução de jornada de trabalho do funcionalismo. É uma questão que se impõe, já que também a receita do setor público cairá com a redução da atividade econômica. O custo da crise não pode ficar restrito à iniciativa privada e seus trabalhadores.
Os catarinenses, certamente, irão se unir, dentro de seu já conhecido espírito de solidariedade, que permitiu superar tantas crises e desastres naturais. Como sempre, o COFEM está à disposição do governo e da sociedade catarinense para aprofundar a contribuição nesse sentido. E, inclusive, já colocou em prática uma série de ações como treinamento, disseminação de informação, distribuição de alimentos, aquisição de ventiladores e equipamentos de proteção, além de suporte logístico e tecnológico. Essa cooperação poderá ser ampliada por meio do diálogo, com a necessária participação empresarial na discussão e planejamento das ações que impactam a economia.
O COFEM é composto pelas Federações das Indústrias (FIESC), do Comércio (FECOMÉRCIO), da Agricultura (FAESC), dos Transportes (FETRANCESC), das Associações Empresariais (FACISC), das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) e das Micro e Pequenas Empresas (FAMPESC).”
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