Estaca zero. Depois de um dia inteiro de negociações, o secretário de Transportes e vice-prefeito da Capital, João Batista Nunes, recebeu na noite de ontem uma proposta do Sindicato das Empresas (Setuf), que, segundo ele, não tem aprovação da prefeitura. A proposta sequer foi apresentada aos trabalhadores. A greve no transporte coletivo continua na Grande Florianópolis.
Na proposta, os empresários concordam com o reajuste de 7% no salário dos trabalhadores desde que a tarifa seja reajustada em R$ 0,15. Também condicionam o aumento para R$ 310 no tíquete-alimentação ao valor do subsídio pago pela prefeitura (hoje R$ 0,12 por passageiro, o que significa cerca de R$ 550 mil por mês).
A proposta determina, ainda, que se o aumento for retroativo a maio (mês da data-base da categoria) deverá ser pago pela prefeitura.
– O prefeito não assinará essa proposta. Não vamos dar aumento na tarifa que signifique ganho real aos empresários, porque eles já o tiveram no início do ano. Só daremos o aumento que for proporcional ao reajuste salarial – afirmou João Batista.
Segundo o vice-prefeito, o governo municipal não tem de onde tirar o pagamento do reajuste retroativo a maio e, mesmo que fizesse isso, teria que passar por uma aprovação na Câmara de Vereadores, o que demoraria ainda mais.
Os trabalhadores já deixaram claro que não vão concordar com um reajuste a partir de agora, já que a data-base da categoria venceu em maio.
Para os empresários, condicionar o aumento do ticket ao subsídio é uma forma de pressionar a prefeitura a fazer este pagamento sem atraso. O último subsídio pago foi o de abril. O valor referente a maio já venceu, e o de junho vence nos próximos dias.
Empresas querem explicação dos custos
Na madrugada de ontem, o prefeito Dário Berger havia entregue uma proposta ao Sindicato dos Trabalhadores (Sintraturb), aprovada pela categoria. Para entrar em prática faltava a concordância dos empresários.
O problema foi que quando o sindicato das empresas concordou, impôs novas condições, não aceitas pela prefeitutra.
Ainda na tarde de ontem, o presidente do Setuf, Waldir Gomes, já havia oficializado à prefeitura que aceitava o aumento salarial e do ticket-alimentação dos funcionários. Isso tudo desde que respeitado o reajuste de R$ 0,15 e se o pagamento retroativo fosse feito pela prefeitura.
Gomes disse, ainda, que as empresas só aceitariam o acordo sobre o documento entregue por Berger se a prefeitura revelasse de onde sairão esses recursos. Ele chegou a declarar que não irá dar cheque sem fundo, dando a entender que as empresas temem calote da prefeitura e que, neste caso, não teriam como arcar com os custos para atender aos trabalhadores.
– A sociedade é quem vai pagar caro por esse modelo que está aí. Nós já garantimos que nos comprometemos a pagar o aumento, falta é o acordo pelas empresas – rebateu o vice-prefeito.
Enquanto o problema não se resolve, a população da Grande Florianópolis deve se preparar para mais um dia enfrentando as dificuldades de uma cidade sem ônibus, além da real possibilidade de mais um aumento na tarifa.
Os trabalhadores garantiram que a quantidade mínima de ônibus exigida pela Justiça está sendo cumprida, mas as empresas afirmam que não conseguem colocar os ônibus nas ruas porque os trabalhadores impedem a saída das garagens.
(Dioago Vargas e Cristina Vieira, DC, 02/07/2009)