Está marcada para a próxima quinta-feira, 21 de março, às 10h, a inauguração da Unidade Complementar de Recuperação Ambiental (URA) na Beira-Mar Norte de Florianópolis. O sistema tratará a água contaminada que antes ia direto para o mar, por conta de ligações irregulares de esgoto na rede coletora de água da chuva. A cerimônia de inauguração faz parte do calendário de eventos do aniversário de Florianópolis, que completa 346 anos no dia 23.
As obras para a despoluição da Beira-Mar Norte começaram em março de 2018. O prazo para que o consórcio vencedor da licitação (Fast-CFO) concluísse o serviço era novembro, mas a URA foi entregue apenas no dia 8 de março deste ano. Segundo a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), desde essa data não há mais esgoto sendo jogado na Baía Norte.
O sistema de balneabilidade foi construído em etapas. A primeira foi a implantação de 3,6 quilômetros de tubulação que direciona a água contaminada para a URA. A rede foi instalada desde o Grupo de Salvamento do Corpo de Bombeiros até a Ponta do Coral. Nesse trecho existem 22 canais de drenagem e, de acordo com a Casan, 15 deles estavam contaminados com esgoto jogado na rede pluvial de forma clandestina. Essa água ia direto para a Baía.
A segunda fase consistiu na instalação de caixas de concreto que armazenam a água coletada nesses canais de drenagem. Já nas saídas de drenagem em que havia esgoto foram colocadas 31 válvulas, que desviam a água para que ela seja tratada. A terceira etapa foi a ativação do transporte da água dessas caixas até a URA.
Em dezembro de 2018, a URA foi ligada e até então funcionava com um quinto da capacidade. No dia 8 deste mês passou a funcionar em toda a sua totalidade. O sistema tem capacidade para tratar 150 litros de água contaminada por segundo, o que equivale a 13 milhões de litros por dia. A URA funciona durante 24 horas. A obra custou R$ 18 milhões.
Como funciona o sistema URA
Toda a água da chuva e com esgoto clandestino que ia direto para o mar é desviada para a URA. Dentro da URA, o material poluente é removido de duas formas: o primeiro é por flotação por ar dissolvido. O processo remove o material sólido, deixando apenas na forma líquida, mais clara e limpa. A segunda forma é a desinfecção por ultravioleta. Os raios UV eliminam as bactérias da água. Após este processo a água, já limpa, é jogada ao mar.
– É na URA que é feito o tratamento químico que zera o número de coliformes fecais e clarifica a água, devolvendo ela para o mar totalmente pura – explica o prefeito Gean Loureiro.
Banho de mar só lá por julho
Mas o que todo mundo quer saber é: quando será possível tomar banho na Beira-Mar Norte? No dia 15 de março de 2018, o ex-presidente da Casan e atual secretário de Infraestrutura de Florianópolis, Valter Gallina, garantiu que ainda neste verão a Beira-Mar Norte estaria balneável. Em dezembro, ele estimava que fosse possível tomar banho de mar apenas dois meses após a conclusão da obra.
No entanto, segundo a Casan, o tempo para a água ficar boa para banho é subjetivo e depende de muitos fatores. Desde o dia 8 não há mais água poluída sendo jogada no mar, mas a poluição que já existe no local ainda precisa ser dissipada.
Isso depende das correntes marítimas, dos raios solares, que queimam as bactérias, e do próprio sal da água. Agora a Casan espera que em três a quatro meses a água comece a apresentar bons resultados de balneabilidade. Ou seja, lá por julho.
– Nossa expectativa é que daqui a cinco meses a água tenha balneabilidade – diz o prefeito.
Engordamento da faixa de areia
Para 21 de março também está prevista a assinatura da ordem de serviço para iniciar o projeto do engordamento da faixa de areia da Beira-Mar Norte. A informação foi repassada pelo prefeito Gean Loureiro sexta-feira. Segundo ele, a intenção da prefeitura é aumentar a praia, assim como será feito em Canasvieiras.
O prefeito explica que, mesmo com a despoluição da água, a areia encontrada no local ainda é contaminada, é lodo e, por isso, precisa ser feita uma obra para propiciar o uso da área.
– Com o engordamento adequado, feito com base em estudos técnicos, vamos dar mais qualidade e possibilidade de uso do local. Hoje já temos toda uma estrutura de lazer na parte aterrada e, com o engordamento, vamos ter uma faixa de areia com mais utilização – diz.
Com o projeto pronto, a prefeitura terá o orçamento da obra, definirá quais estudos ambientais precisará fazer para, em seguida, conseguir as licenças ambientais para início da obra efetiva.
– Essa obra será um referencial para Florianópolis e para o Estado de Santa Catarina, terá reflexo no Brasil inteiro. Imagina ter a saída do Ironman da Beira-Mar? – comenta o prefeito
(NSC, 16/03/2019)
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