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Obras que evoluem e abandonos que preocupam em Florianópolis

Da Coluna de Carlos Damião (ND, 27/05/2018)

Três situações no lado Leste da Praça 15 de Novembro chamam atenção de quem passa pela região todos os dias: as obras paradas da antiga Casa de Câmara e Cadeia (futuro Museu da Cidade), a agilidade das obras no antigo prédio da Fecam (Federação Catarinense dos Municípios), na esquina com a Rua Victor Meirelles, o ritmo das obras no Museu Victor Meirelles e o abandono crônico da antiga Escola Antonieta de Barros. O primeiro caso é de responsabilidade da prefeitura de Florianópolis; o segundo, da Fundação Catarinense de Cultura; o terceiro, do governo federal e, a escola, da Assembleia Legislativa, para quem a edificação foi cedida pela Secretaria de Estado da Educação.

O antigo prédio da Fecam, um sobrado do século 19, foi cedido pelo governo para a FCC devido à intercessão do então presidente da Fundação, professor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz. A ideia é instalar ali uma extensão da Biblioteca Pública do Estado, com a incorporação do acervo de obras catarinenses e da coleção de jornais de Santa Catarina (hemeroteca).

Antes de ser sede da Fecam, esse sobrado foi a sede do Tribunal de Contas do Estado. Em tempos mais remotos, logo após sua construção (1830), foi o primeiro quartel da Força Policial, atual Polícia Militar, fundada em 5 de maio de 1835). A Praça 15 de Novembro tem imensa relevância histórica por ter concentrado grande parte da estrutura de governo desde a fundação da cidade. Por isso a conclusão dos trabalhos na Casa de Câmara e Cadeia é tão importante. Trata-se de uma das edificações mais antigas de Florianópolis, construída entre 1771-1780.

Museu Victor Meirelles está em fase final de reforma, enquanto a antiga Escola Antonieta de Barros (acima) continua com aspecto degradado: não há qualquer sinal de obras, nem intenção oficial imediata de recuperar o belo prédio. Por causa desse abandono, a região – Carlos Damião

Um corredor cultural

No caso da Rua Victor Meirelles, onde está o museu e a antiga escola Antonieta de Barros, o jornalista e produtor cultural Fifo Lima, que atua na região Leste, destaca a intenção oficial de transformar a rua em calçadão. Claro que isso vai depender da revitalização total do espaço público, um dos lugares mais imundos e desagradáveis de Florianópolis na atualidade. Muito por culpa da própria prefeitura e também do governo do Estado, que deixou o prédio da escola se transformar num muquifo horroroso.

A Victor Meirelles é um “corredor cultural” tradicional da cidade, não só pelo Museu – instalado na casa onde nasceu o grande pintor -, mas porque concentra um público que frequenta a tradicional Kibelândia, o Taliesyn (ponto de encontro de roqueiros) e, um pouco adiante, a descolada Tralharia. Ou seja, é um espaço pulsante, que não precisa ser mudado, apenas valorizado e revitalizado. Florianópolis merece esse carinho – que, aliás, é obrigação da prefeitura, empenhada agora, por exemplo, em promover uma grande maquiagem numa rua que não precisa, a Bocaiúva, porque ela já é o que é – charmosa e agradável – exatamente por ser a Rua Bocaiúva.

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